Grandes expectativas eu alimentei em relação a “Ele não está tão a fim de você”, antes de assisti-lo. O motivo? Inicialmente por ser um filme com um elenco recheado de estrelas – ou dependendo do ângulo, aspirantes. Porém, infelizmente, após ver o vídeo, o resultado não foi nada satisfatório em muitos sentidos, principalmente em relação ao casting.
Normalmente filmes do gênero são repetitivos e previsíveis quanto à temática escolhida; este aqui não foge à regra, contudo, por algumas sutilezas, desvia-se consideravelmente da mesmice.
Mas não quero enaltecer a película; esta que não tem nada que a torne indispensável – pelo menos, para os homens.
Logo de cara o roteiro se mostra confiante, trazendo dilemas e questionamentos amorosos atuais à tona, porém, o seu desenrolar se desgasta por soar pretensioso além da conta, como se o mesmo estivesse ali para revelar o conceito-mor da essência dos relacionamentos.
O ingênuo diretor Ken Kwapis, apresenta nove personagens sob o intuito de fazê-los vivenciarem diversas situações amorosas em que se possam abordar as questões culminantes de cada uma, para que se voltem, unanimemente, para um fim específico: revelar a indiferença masculina nas relações amorosas, como o próprio título antecipadamente define.
O primeiro maior problema do filme é apresentar suas conjunturas assim, de forma tão didática. Parece que ao invés de entreter, o filme está ali, substancialmente, para ensinar à singular e boa lição sobre o amor. Presunção percebida desde o intróito do filme até os depoimentos avulsos entre o discorrer da estória – mais interessantes que a estória em si.
O que poderia funcionar como uma bela brincadeira junto ao tema derrapa por forçar a barra numa seriedade desnecessária. Portanto, o que começa habilmente bem, se torna chato como um vídeo educacional, o que teria mais êxito se não fosse tão óbvio.
Os diálogos aqui funcionam em parte. Em meio a conceitos interessantes, o mesmo cai no piegas pelo excesso de expressões niquentas como “homem dos meus sonhos”, “foi mágico o nosso encontro”, “sei que você gosta de mim por causa dos sinais”, “essa é a regra... essa é a exceção”, e etc. Pecando assim, por perder a naturalidade do momento.
E como se tornou praxe em filmes românticos, os estereótipos estão presentes, a novidade é que os tais não estão exatamente delineados. Os furos maiores mesmos ficam ao encargo das situações desgastadas em que se envolvem os personagens.
Os clichês aqui também não são totalmente vilões; o supracitado roteiro em si – ainda acima da média – é que falha pelo excesso. Sem um ápice ou um ato marcante sequer, vemos aqui nada mais que um desenrolar previsível e longo de inúmeras histórias recheadas de peripécias.
O ponto forte do filme poderia ser aquele que atraiu minha atenção a princípio: o grande elenco... Caso o mesmo não se destacasse simplesmente pelos belos fenótipos.
Totalmente insossos, os atores aqui escalados, limitam suas interpretações em conversas incessantes.
Jennifer Connelly e Bradley Cooper estão confortáveis em seus papéis, possuindo os personagens mais exigentes em termos de atuação. Já Justin Long e Ginnifer Goodwin (com sua personagem irritantemente bem representada), carregam o filme e roubam quase todas às cenas, enquanto Scarlett Johansson não faz nada, a não ser, mostrar-se insinuante. Ben Affleck, porém, continua insistindo em uma profissão mais do que provada por si mesmo que não é para ele, equiparado a canastrona Drew barrymore, totalmente apagada.
O segundo maior problema desta produção é o drama hiperbólico que a direção cria em torno de alguns assuntos banais como o de Beth (Jennifer Aniston), por exemplo, que não se contenta com seu um romance sólido por não estar oficialmente casada com seu cônjuge, aborrecendo e soando caricato, ainda mais por se ver adultos tão confusos e tão repletos de conceitos infantilóides sobre o envolvimento a dois, presos a regras – e algumas exceções – numa vicissitude versão de conflitos adolescentes.
A proposição dos enredos pode incitar no público feminino uma identificação pessoal, mas fazer com que elas se importem de forma significativa com as personagens, é improvável.
Agora eu confesso: o filme não é ruim, mas poderia ser melhor, assim como os cenários que mantiveram o mesmo aspecto, com tijolos à mostra e ambiente rústico em quase todos os lugares.
No fim, “Ele não está tão a fim de você” se conclui com recursos típicos de comédias românticas, com cenas apaixonadas, comportamento masculino manipulado e desfecho positivo em cada núcleo.
A comicidade ficou em dívida, todavia, com o discorrer da estória vemos que o enfoque não era esse, e sim, cumprir deliberadamente – de forma até bem intencionada e com certo conteúdo – , seu exclusivo papel: desiludir as mulheres.
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