É um dos mais belos filmes dos últimos anos. O Projeto Flórida mostra a dura realidade das pessoas que vivem na pobreza nos EUA, o que é muito importante ser mostrado.
A vida, por mais cruel que possa ser às vezes, também pode ser um presente. E, mesmo sendo o doloroso cotidiano mostrado com tanta honestidade, o uso do humor para contar a história foi uma escolha muito certeira. A situação em si é complicada e triste: os moradores lidando com a falta de recursos para necessidades básicas, estando numa batalha constante para conseguir pagar o aluguel da semana, para ter onde dormir.
O Projeto Flórida é também sobre a ingenuidade da infância. Acompanhamos o cotidiano de algumas crianças sob a perspectiva de uma menininha inocente, Moonee (ô coisa fofa). Aventureira e impetuosa, ela pode não ter uma família estruturada (com um pai que provavelmente recusou a responsabilidade de sustentá-la e uma mãe que não consegue fazê-lo de forma ideal, por mais que deseje), mas isso não a impede de aproveitar ao máximo o que tem. Isso me faz lembrar como a infância pode ser encantadora e deixar lembranças alegres mesmo que as condições financeiras sejam limitadas. Mesmo não havendo nada especial nos arredores do hotel, ela consegue encontrar alegria em cada um dos cantos, seja se aventurando ou apreciando o lazer, com a sua mãe ou seus amigos...
A Halley (mãe de Moonee) é praticamente uma adolescente rebelde e imatura. Ela pode parecer despreocupada, não tem dinheiro e nenhuma perspectiva de futuro, mas o amor que sente pela filha é simples, bonito e palpável. Ela simplesmente poderia ser odiável, mas não é... O filme consegue fazer com que tenhamos empatia por ela e todos os outros personagens. Longe de ser uma vilã, é só mais outra vítima do sistema.
Outro personagem interessante é Bobby (interpretado por Defoe, brilhante). Gerente do hotel, tem um coração de ouro e é um tipo de protetor de todos que vivem neste lugar. Trabalha ali há anos (o que lhe proporcionou a experiência suficiente em prever certas coisas), aparentemente triste, possivelmente por saber como as coisas acabam para essas pessoas hospedadas no hotel (tipo, Halley), antes mesmo de acontecer, por exemplo.
Sean Baker merece todos os aplausos possíveis por ter proporcionado essa preciosidade que nos mostra tanta alegria, mesmo numa dura realidade. Um filme mais do que recomendável.
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