"Todos vocês irão morrer aqui..."
O cineasta Paul W. S. Anderson conquistou relativo sucesso de crítica e público depois de comandar a eficiente (e modesta) adaptação de Mortal Kombat para os cinemas em 1995. Depois do sucesso desta empreitada, e de comandar os problemáticos O Enigma do Horizonte (1997), que tinha uma premissa até interessante, e O Soldado do Futuro (1998), decidiu levar a adaptação do famoso Resident Evil para os cinemas.
A saga Resident Evil é uma das mais populares do mundo dos videogames (fenômeno comparável a outros títulos consagrados como GTA, God of War e Gran Turismo). Anderson optou por realizar um "prequel" da estória dos jogos, mostrando os acontecimentos que antecederam aos do primeiro jogo da franquia, visto que acreditava que o filme perderia o interesse se o público já soubesse o que iria acontecer (no caso os fãs dos jogos).
O roteiro da produção é simples e funcional, conseguindo criar uma versão alternativa da estória ao qual se baseia, mostrando o que ficou de fora dos jogos, mas sem se esquecer dos elementos que tornaram os jogos tão famosos. Temos a clássica mansão em meio a floresta aos arredores de Raccon City, o T-Virus, a Umbrella, os zumbis, cães zumbis, o Licker, alguns ângulos fixos e dramáticos de câmera, entre outros.
Apesar disto, muitos fãs criticaram a ausência dos personagens do jogo original, entre eles: Jill Valentine, Chris Redfield e Barry Burton. A protagonista da estória é Alice (Milla Jovovich), segurança da entrada da Colméia (laboratório central da Umbrella) localizada na mansão. Após um incidente no local, no qual a Rainha Vermelha (inteligência artificial que controla as instalações) assassina todos os funcionários, em virtude de uma falha de segurança no qual todos são contaminados pelo T-Virus, e com isto uma equipe de forças especiais da Umbrella é enviada ao local após o incidente. Entre eles, temos Rain (Michelle Rodriguez), Kaplan (Martin Crewes) e One (Colin Salmon), líder do grupo. Matt (Eric Mabius), um suposto policial em seu primeiro dia de trabalho e Spence (James Purefoy), um homem misterioso que assim como Alice, perdeu a memória após o ocorrido, também estão presentes. O objetivo deles é desligar a Rainha Vermelha e retornar a superfície antes que as portas de acesso sejam lacradas para sempre, com o objetivo de conter a contaminação.
É interessante notar as referências ao clássico Alice no País das Maravilhas que Anderson confere a sua obra. Temos a protagonista de nome Alice, a Rainha vermelha, a porta de acesso através do espelho, o coelho branco, a cena envolvendo uma possível decapitação, etc. Ecos de produções cinematográficas como Alien: O 8º Passageiro, 2001: Uma Odisseia no Espaço, Matrix, A Noite dos Mortos-Vivos, Psicose e o Enigma de Outro Mundo, podem ser facilmente percebidos também.
A parte técnica é bastante decente. A direção de arte é fiel ao universo ao qual se baseia, desde a famosa Mansão, os laboratórios da Umbrella, a estação ferroviária subterrânea e outros locais que reproduzem o cenário claustrofóbico, sujo e moderno dos jogos com precisão. Os efeitos visuais são bem canhestros, mas compensados pela boa maquiagem das criaturas. A trilha intimista de Marco Beltrami garante o clima de mistério e urgência a estória, em conjunto com as notas pesadas de Marylin Manson para as sequências mais movimentadas da projeção.
A saga Resident Evil é hoje a mais popular entre as adaptações de videogames para o cinema, contando com 5 filmes na linha principal, mais 2 animações produzidas pela própria Capcom. E mesmo após mais de uma década de seu lançamento, este é ainda hoje o melhor exemplar da cinessérie (que vem decaindo em qualidade a cada novo filme lançado). Contando com momentos de pura tensão, ação eletrizante, horror, suspense e ficção científica, Resident Evil: O Hóspede Maldito é uma eficiente adaptação, que respeita o material original e garante aos fãs menos puritanos, uma experiência satisfatória.
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