Nem tudo em Comer, Beber e Viver é muito orgânico, talvez até parta de uma premissa um tanta óbvia e um pouco novelesca é verdade, talvez seja um pouco alongado, mas Ang Lee é um diretor competente e por mais que os arcos narrativos não sejam complexos, tem um toquezinho dos filmes mais dolorosos de Ozu sobre a relação familiar e a solidão da velhice que me fazem enxergar este filme como um título acima da média.
Não é recomendável assistir de barriga vazia. Desde o início, pratos de encher os olhos desfilam pela tela, e pontuam a trajetória de um pai, três filhas e seus dilemas, fraquezas, dores e desafios, com um toque discreto de comédia porque nem tudo na vida deve ser tão sério.
Lee já demostra aqui sua marca autoral que se seguiria em todos os seus trabalhos, como uma sensibilidade genial na condução da estória, a imagem imaculada e o estudo sobre os relacionamentos humanos e o eterno medo da solidão que todos compartilhamos.
Espetacular.Pai viúvo,mora com as 3 filhas,que vão saindo,a casa vai esvaziando...nem tudo é definido,não conhecemos os pensamentos de ninguém em 100% - nem mesmo familiares diretos.Tudo pode,e vai,mudar outras vezes.E a vida continua,com sua dura beleza.