É Bob Fosse descendo a lenha na hipocrisia e no moralismo americano através de um personagem anárquico e no que concerne os olho moralistas, imoral. Engraçado que boa parte do discurso ainda é factível com nosso tempo e talvez sempre será.
Evidencia o poder da comedia e a hipocrisia capitalista, ocidental e, por que não, humana em um retrato sobre a ascensão e decadência de um homem. Hoffman esta totalmente correto e a montagem com a direção de Fosse são um primor que nos faz entrar no universo do filme. Umas piadas e discursos mais ultrapassados, outras ainda relevantes em um mundo cada vez mais consumista.
O ritmo é louco e inconsequente, à semelhança da personalidade do retratado, um homem sem o menor compromisso com eufemismos. A interpretação gigante (por vezes, irritante) de Hoffman sustenta o espetáculo.
A estética noir unida brilhantemente ao cinema verité enfatiza a subversão de uma estética clássica de show biss pela acidez do nascente politicamente incorreto - agora incontrolável perante a hipocrisia cada vez mais evidente do american way of life.
Vai além da vida conturbada do protagonista e do stan-up, indo direto ao ponto, é um filme de camadas. O homem e a sua existência, os mais fracos e os mais fortes politicamente, e por que não, o artista e o seu trabalho.
Fantástico retrato da conturbada vida do comediante, com um Dustin Hoffman impecável no papel principal e um desenvolvimento nada menos do que exemplar. Obrigatório para todo e qualquer fã da comédia stand-up.