A vila de "Kirrary" foi construída apenas para este filme e depois desmontada, lojas, escola, igreja, pub, correio, etc. Duzentos operários a construíram, todos usando ardósia e 20 mil toneladas de granito de uma dúzia de pedreiras locais. Qualquer coisa menos substancial não teria resistido aos vendavais do Atlântico. Muitos prédios tinham interiores, tetos, iluminação, encanamentos e até lareiras e chaminés funcionais.
Talvez os filmes do David Lean não sejam um primor de originalidade e por vezes seus filmes se arrastam demais da conta, mas seu cinema é esteticamente tão bonito que eu relevo facilmente qualquer de seus possíveis defeitos. Um épico sobre traição amorosa e suas repercussões com a sociedade .
O visual é lindo demais, nas altas terras à beira-mar da Irlanda. O tamanho épico não tem muitos motivos (apesar de ampliar a dimensão da vida na vila isolada), a história é simples e não tem muitos acontecimentos.
Mitchum faz um raro homem fraquejado. Poderia ter ao menos um momento de explosão, cabia, seria mais lógico - e justo - com tanto absurdo acontecendo.
Trevor Howard está espetacular. Energia incrível.
Num exuberante (e sexista) diálogo com as forças da natureza e a natureza das coisas, Lean constrói outro épico com viés humanitário e sua típica sofisticação na narrativa dos seus temas shakesperianos, tão bem encenados por três rápidas horas. Belo.