Lupas (26)

Um cowboy misterioso e mal encarado que se acha Deus, um xerife medroso, uma dama repreendida, um baixinho sendo exaltado... por instantes, eu achei que estava em um episódio de Chapolim. Mas, infelizmente, não era o caso...

Não tendo muito contato com westerns, e começando aos poucos a conhecer o gênero, o impacto de ver a figura de Clint e as inúmeras cenas que com certeza inspiraram muitos filmes que vieram depois, seja no western ou no gênero da ação, numa figura quase sobrenatural, uma figura magnética, que movimenta uma trama que sempre mantém a atenção, e que fica nessa rudeza datada, e com um ato final de um nível espetacular, seja pelas simbologias, ou pela ação em si, muito bem filmada.

O filme carrega tensão desde sua primeira cena passando pelos personagens duvidosos e a expectativa pelo desfecho da complexa estratégia, onde a figura do estranho paira como uma verdadeira entidade mística sem nenhum tipo de moral e em busca de sangue.

Por um momento, pensei que Eastwood estava apenas aprendendo, filmando como se somente repetisse Leone e Siegel. Ledo engano, os 40 minutos finais são densos o suficiente para mostrar um cineasta já maduro que passaria as próximas décadas fazendo filmaços.

Em um episódio da Biografia da A&E, Clint Eastwood afirmou que seu personagem do estranho neste filme não era o fantasma do Xerife morto a chicotadas mas na verdade seu irmão.

Eastwood já mostrando talento na direção,com esse faroeste subversivo,brutal e cheio de suspense.

Eastwood tonifica seu terceiro longa com grande carga valorativa, ainda que não necessariamente mantenha uma linha "correta" dentro de sua proposta de justiça e vingança. Mas essa nova roupagem ao "western" funciona muito bem aqui.

O Mito do Oeste aprofundado de maneira mais sombria. A pequena cidade de Lago é habitada por criaturas que vagam cegamente ao redor de seus pecados e o próprio Diabo emerge do deserto para castigá-las ainda mais. Não à toa, Lago é rebatizada de INFERNO.

Uma cidade de madeira a beira de um lago e um Clint Eastwood no segundo filme como diretor sem medo de polêmicas...

Um western moderno estilizado a lá Dirty Harry, inclusive na direção. Bom filme, bom exploitation, mas não um bom western, com contexto histórico e tal. O final merece destaque.

Bom, admirável obra de Eastewood, canastrão e sexy... A forma como as mulheres são retratadas por vezes me incomoda, mas a época deve corresponder a realidade, repugnante...

Banaliza assédio e estupro com a justificativa de 'punição pelo passado'. Soa mais como um festival de sadismo do que uma trama de vingança e justiça com as próprias mãos. Eastwood datado e metido.

As vezes os mortos voltam para acertar as contas.

Novamente baseado em um repertório facial de duas ou três expressões, Eastwood manda bala e arquiteta um plano inusitado para colocar tudo em seu devido lugar na pequena cidade. Bela homenagem a Leone.

Os moradores vão ter motivos para pensar que talvez estivessem em melhor situação na mão dos malfeitores. O mistério do pistoleiro tem várias interpretações, passando pelo sobrenatural. O final impressiona. Clint Eastwood dava então sinais de seu talento.

Obscuro, sombrio, insano, atmosférico... Eastwood se utiliza do gênero clássico para criar um suspense assustador e original.

Uma pena que o filme caia nos velhos clichês do gênero. Mesmo assim é uma aula de condução , a câmera de Eastwood é carregada de toques ala Leone, mesmo que ainda sem todo o brilhantismo do italiano.

24/07/09

Eastwood demonstra personalidade e segurança atrás das câmeras logo em seu 2°trabalho conduzindo personagens complexos, ladeado ao mistério que envolve o anti-herói e sua motivação junto aos moradores, criando uma atmosfera que nos prende desde o início.

Sem Nome surge como espectro pra vingar uma alma que ninguém garante a exatidão de quem seja. Estiloso como nunca,Clint carrega na violência,nas tiradas de efeito e até em crueldade ao tratar a cidade com total desprezo e lhe passar uma lição.