Mesmo num filme testamento Wenders consegue me deixar em dúvida sobre o que é realidade e atuação. Tarefa difícil avaliar em notas algo que não tem a menor intenção de atender a este parâmetro, simplesmente observar e fazer cinema ao mesmo tempo.
A experiência compartilhada por Wenders não é nada fácil. Por vezes, a narrativa embaralha verdade e encenação e revela uma compilação de imagens caóticas, fruto da complexidade do tema em si. Daqueles que mal termina e já deixa a sensação de que é melhor rever logo e tentar absorver mais e melhor.
O longo e indescritível close final em Ray, é um tiro na cara de qualquer um que anseia ser um(a) cineasta. "Cut! Cut!", grita o mestre pela última vez arrepiando até meus cílios. Um tiro.
Já seria de qualquer maneira um grande filme. Mas sabendo que são pessoas reais em cenas ficcionais (ainda assim reais) torna tudo ainda mais visceral e avassalador.