Lupas (9)

Interessante a premissa de Dassin em trazer o noir para algo do cotidiano intrínseco á cidade de Nova York. Sua tentativa de trazer um pouco de realismo ao noir é instigante porém o roteiro em si não me empolgou e a narração em off me incomodou um pouco.

O que é considerado um avanço para os padrões cinematográficos americanos (tomadas externas, luz natural, a cidade como personagem principal, o povo nas ruas, o cotidiano da cidade, etc) é em realidade algo iniciado primeiramente nos quadrinhos por Will Eisner com seu Spirit (que encontrou inspiração por sua vez em Murnau e seu "Aurora, em alguns aspectos gráficos ). De toda forma a obra de Dassin prima pela naturalidade da direção dos atores e uma não glamourização destes. Belo filme!

fora os méritos da obra como cinema, é curioso assistir hoje e perceber o quanto o filme influenciou as fórmulas das séries policiais americanas de TV.

O intuito de Jules Dassin não era estilizar seu noir, mas deixá-lo realista, aproximando-o do cotidiano. A narração em off do produtor, se pode parecer dispensável, na verdade apenas é mais um dos componentes que reforçam o caráter semidocumental.

Impressiona a fluidez narrativa que Jules Dassin emprega em "The Naked City", ele estabelece a câmera nas ruas, a cidade se torna um organismo vivo; o que era intenso se torna estimulante. Um daqueles filmes que devem ter influenciado muita gente por aí.

História de detetive que (filmado em externas às escondidas) antes de mais nada é belo um retrato cinematográfico de NY, uma crônica do povo, da cidade e das figuras do cotidiano. Lembrou Will Eisner. Considerado a homenagem do produtor M.Hellinger à NY.

Nova York demaquilada para olhos de lince e narinas de faro fino.

Belissimamente cenografada e com um ótimo desenvolvimento, esta obra ressalta a banalização da violência em uma cidade grande. "Há oito milhões de histórias na cidade nua. Esta foi uma delas".

29/10/14