Lupas (14)

É das obras mais difíceis de se descrever, levando em consideração sua organicidade em relação à metalinguagem do cinema e a arte como um todo; a sexualidade, a religião, a ciência, a perversão... Intenso em sua crítica e único ao misturar as ideias de forma elementar, sem cair em maneirismos. Ouso a dizer que nesse filme - sem perder totalmente o olhar externo - é o mais próximo que podemos estar, de fato, dentro da mente de um personagem.

Tem uma clima estranho e desconcertante bem construído, mas o final é horroroso e sem sentido.

Sedução e morte se encontram nesse neo-noir psicossexual de Verhoeven, que usa de contornos freudianos e símbolos religiosos deturpados a sua maneira para criar uma trama de incertezas e subjetividade, numa linha tênue entre a razão e a insanidade.

Seu grande pecado é sua imensa previsibilidade mas o cinema de Verhoeven possui uma aura tão particular e estranha que é difícil passar despercebido apesar do que considero um exagero de perturbação sexual do diretor.

Paul Verhoeven constrói seu filme com o objetivo de estraçalhar a mente do expectador. Ele se coloca como um transgressor da imaginação e dessa forma libera uma desconcertante atmosfera de perversão, demência e paranoia. Um verdadeiro pesadelo imagético!

A densa atmosfera de sociopatia vai com o passar do tempo sufocando personagens e espectador com perguntas quais jamais saberemos as respostas.

O Cinema de Verhoeven no seu ápice explícito-criativo. Daqueles que não se fazem mais.

A opção por um tom novelesco soa consciente e tipifica boa parte do cinema de Verhoeven, no qual a sexualidade emergente é outra constante. Não permite um olhar de indiferença.

Essencial assistir sem saber a sinopse, perde como os fatos são apresentados. Genial na sua discussão de gênero, um Sansão e Dalila até misógeno de certa forma. Cinema autoral de primeira. Grandes cenas e personagens. E que final, salvo por Maria!

É difícil analisar esse filme de primeira, mas a impressão que fica é de uma obra extremamente forte que consegue fisgar o espectador com um número ilimitado de mistérios/expectativas e uma atmosfera asfixiante. Verhoeven!!

07/11/13

A intenção até que é boa, mas de condução desajeitada; o enredo se desenvolve aos trancos e barrancos. Muitos detalhes nos são empurrados à força e há um sério problema de coesão entre as cenas. De Verhoeven também não pode se esperar grande coisa.

Verhoeven é grosseiro,explícito e violento demais.E sim,isso é um elogio.

Mistura ridícula e totalmente sem sentido de suspence sobrenaturam com novelão gay.