O que mais me chama atenção em "Millennium Mambo" é a intimidade com que a câmera acompanha e despoja seus personagens. Como ela vai de encontro ao inconsciente deles, amplia suas sensações, dialoga com seus sentimentos conflituosos. É testemunha do fluxo inconstante da existência humana.
Os planos-sequência constroem o universo particular das personagens; as luzes, quando não dialogando com ele, são o ambiente cheio de vida em volta; a trilha dita o ritmo da batida dos sentimentos conflituosos. O estado letárgico atesta a magia de Hou.
É a beleza da vida,o correr dos dias,mesmo que a vida não seja nada interessante de se viver - tudo são escolhas,decisões pessoais de cada um.
A contemplação e os tempos mortos são naturalidade.Imagem em fragmentos,a memória nem sempre é exata...
Intimista em suas minúcias, com um plano inicial dos mais incríveis já feitos. É um filme hipnotizante, a obra-prima de Hou, um dos mestres do cinema contemporâneo.
É uma experiência sensorial única que nos transporta ao passado e nos faz experimentar uma gama de emoções. É um filme bonito, tanto visualmente quanto em seu estudo de personagem, de uma jovem desesperada, coberta por muita ternura e melancolia.