Lupas (57)

Tudo é uma questão de percepção. Sem verdade imutável. Assim é na vida. Assim é na arte. O que importa é o que a experiência desperta no imaginário de cada um. Nossa visão subjetiva construída por emoções particulares. Este é um dos temas propostos por Kiarostami em "Cópia Fiel". Há outros conceitos no filme. É uma obra complexa e intrigante. Capaz de despertar novos significados a cada revisão.

Nada além de um punhado de diálogos desinteressantes. Se não tivesse o francês inserido, estaria relegado ao ostracismo.

O filme nos obriga a pensar até que ponto o relacionamento entre os dois personagens centrais é real ou a imitação de um relacionamento que já foi real. Ele pede que seja um relacionamento real melhor do que uma cópia fiel, isto é, um relacionamento falso, em que ambas as partes fingem que é real. Essa é a questão central - o valor do autêntico versus o valor do falso.

Narcisista.

O filme é maravilhoso enquanto segue a linha de um Antes do Pôr do Sol com diálogos afinados entre duas pessoas. Porém há uma guinada na narrativa que não me convence. Há muitos elementos externos ao que a contrariam por completo. E pior essa guinada acaba tornando os personagens desinteressantes, um odioso e a outra completamente autoindulgente. Juliette Binoche maravilhosa e Shimell convence apenas até a virada no roteiro.

Se agiganta no seu terço final, colocando a prova tudo aquilo que fora dito até então sobre cópia e arte.

A inabilidade de verdadeiramente conseguir olhar pelos olhos dos outros. Uma versão, o real e o não, o peso do olhar e de nossas verdades, nossos momentos. O amargo de viver se copiando. Cada olhar único. Puta filme.

A natureza de uma obra de arte e o que determina o seu valor. Se Guernica tivesse sido pintada por um anônimo ela ainda seria vista como é? Por que uma cópia de O Grito não tem o mesmo peso da pintura original? Kiarostami junta os fundamentos ontológicos e sociais da estética, confrontando o público e avaliando o contexto do obra, onde o extra-arte faz parte da arte.

A ideia de misturar ficção com realidade diegética para refletir os debates gerados na 1ª metade do filme e torcer a linguagem é criativa, porém o longa deixa de ser a virtuosa aula de arte para ser uma discussão de relação enfadonha que não sai do lugar

Woody Allen já disse que em certos momentos, não sabe se a arte copia a vida, ou vice-versa. Podem ser misturas, que se completam... Cópia Fiel quer indagar isso na forma de romance, se fixando assim por muito tempo na memória de quem o assiste. Filmaço.

Kiarostami brinca com a percepção do espectador, num filme riquíssimo sobre realidade e relativismo, apoiado ainda por duas atuações centrais ótimas - Binoche indescritível. Coisa de mestre. Coisa de gênio.

Merece uma revisão, mas o tema é mais promissor do que a execução do filme.

Que bom ver este filme no momento que estou lendo "Um, Nenhum e Cem Mil" do Pirandello. Se casam perfeitamente, ecoam meus pensamentos. Personagens complexos e polifonicos, trabalhados em perspectivas: realidades pessoais que se cruzam, chocam e intersect

Discussão entre o que seja autentico e o que seja farsa, e a percepção subjetiva que molda comportamentos e nossa forma de seguir adiante nos relacionamentos. Mas ainda assim faltou algo, embora muito bem orquestrado.

"Quanto mais doce o começo, mais amarga a realidade do fim". Lindo filme, com Juliette Binoche impecável em cena e um excelente discurso sobre o que é original e o que é cópia. Imperdível.

O segundo ato talvez seja um dos melhores momentos do cinema contemporâneo. Juliette Binoche oferece uma das grandes performances dos últimos cinco ou dez anos.

A cópia foi uma tentativa falha de seguir um ideal original, este, que por obviedade das circunstâncias mantinha como meta o seguir sútil do tempo. Logo, ambos miravam o mesmo alvo? Não, mirava um o outro e acertava o nada, tempo, declínio, fora, pó.

Um Antes do Amanhecer mais sofisticado, maduro e complexo. Cópia Fiel demonstra ser um filme altamente interpretativo e interessante.

Arte & vida, o autêntico e o ''falso'', o amor e poder do tempo. Kiarostami rege aqui sua visão sobre as relações. Não marido e mulher, e sim, homem e mulher. Diálogos belos e filosóficos. Binoche é uma deusa, basta apenas contemplá-la. Obra de ARTE.

Fico me sentindo meio cruel qd detesto um filme que todos amam, terei de revê-lo com o coração aberto e com a alma livre.... kkkk