John Ford sempre foi um grande contador de histórias e aqui ele, em parceria com o grande trabalho costumeiro de Spencer Tracy, entrega um filme que entretém e mostra a visão política do diretor competência. Infelizmente eu não caio na intenção de Ford em acreditar em políticos honestos, então o resultado me parece demasiadamente ingênuo perto da realidade.
Filme para celebrar um tempo que se foi. Época em que a política era composta por palavras e ações (não necessariamente boas), havia certa consciência na artimanha. Agora tudo é propaganda e marketing, a população acaba sendo levada a votar contra seus próprios interesses. Os poderosos conseguem eleger um idiota para protegerem seus privilégios (sim, o Brasil caiu nessa). Muito bom!
Outra maravilha de Ford, contando histórias de homens de sua linha, aqui embarcando diretamente na política - sempre presente, jamais focada como aqui.
Tracy é um absurdo, é nível máximo. Que cena, ele caminhando sozinho com a multidão passando no fundo
Ford, ele mesmo um irlandês-americano, leu e gostou do livro de O’Connor e resolveu adaptá-lo para o cinema. Muito do sucesso do filme deveu-se ao respeitável e bom desempenho do elenco que incluiu muitos veteranos que geralmente eram amigos do diretor.
Tracy dá credibilidade ao impossível político honesto, mas a trama, com número excessivo de personagens abobalhados, não convence, ainda mais com o péssimo final lacrimoso. Talvez um desfecho mais impactante pudesse salvar a obra do "esquecível".
Ford interessado em perseguir com sua câmera um Spencer Tracy caminhando solitário, ao invés de acompanhar as comemorações ao fundo durante a cena ápice, é dos mais belos momentos de sua carreira, cheia de sua tão respeitada glória dos derrotados.