A doença é nossa indiferença, nossa solidão de concreto, o desespero diante da insignificância de nossa presença no mundo. As pessoas meramente existem. Sentem a rotina do absurdo, esse vazio decrépito, um mal-estar que se espalha como praga pelas grandes cidades. É o fim? Talvez. A chuva cai para lavar o mundo, uma mão estendida é gesto de esperança. Filme que te faz escavar as imagens sempre encontrando novos significados. Novas formas de pensar a natureza humana.
Maneira muito criativa de explorar a paranoia apocalíptica da virada do milênio, fazendo uma relação com os vazios existenciais e a solidão entre realidade e sonho.
A epidemia da solidão, a febre da humanidade do novo milênio é a falta de contato em um mundo praticamente inabitável onde os sonhos de fama e alegria são vistos apenas em sonhos ou talvez na utopia do último plano.
Tsai sugere que, apesar das condições inabitáveis que são impostas àquelas pessoas, seus desejos e fantasias ativam o mecanismo de sobrevivência do ser humano que lhes permite dar sentido a seu mundo e sempre seguirem adiante.
O contraste entre o colorido, musical e ritmado interior das pessoas e o insalubre, devastado e letárgico mundo externo que as acolhe, em mais uma alusão à solidão e ao isolamento patológicos análogos à contemporaneidade.