Lupas (10)

Demora um pouco pra engrenar mas é um bom filme. Ti West com sua boa direção cria uma atmosfera bem bacana. Uma pena que uma parte do filme seja cansativa. Gosto que não tem muita explicação. Pode não ser um filmaço mas é um bom exemplar do gênero.

O início é curioso, envolve, desperta o mistério, atiça possibilidades. Fica bem bom na solidão do casarão, tensão crescendo (mesmo com certas forçadas), as possibilidades estão demorando...termina muito ruim! Final genérico demais, sem nenhuma surpresa, absurdo de frustrante. Não há razão na fama cult que vem ganhando.

Tem um ideia bacana de segurar todo o horror para os últimos 20 minutos, mas a ideia cria poucos momentos realmente tensos ou climáticos. Já que o restante é rodeado de clichês e conveniências que fazem essa boa ideia se perder. E mesmo quando chega no seus últimos minutos não é nada que já não tenhamos vistos ou que não prevíamos. Sobra uma direção de arte e fotografia bacanas, que remetem a Lynch e Carpenter, mas que são vazias quando não chega na profundidade de um, nem no clima do outro.

Tem um péssimo início, com uma introdução genérica e mal feita de sua protagonista. Ao chegarmos na casa, o longa melhora e muito com a adição dos personagens Sr.(Noonan) e Sra.(Woronov) Ulman, principalmente por suas belas interpretações. Pena que dura pouco, ao ficar sozinha em casa, o filme cai de qualidade de novo, fazendo sua personagem tomar atitudes estúpidas, próprias dos filmes-padrão de terror em que a burrice supera a razão. A seita final e sua sobrevivência não impactam como poderia.

Caso não fosse o title card no início do filme antecipando tudo, West nos pegaria de surpresa. Claro que é interessante que a estrutura da obra seja lenta e somente nos quase últimos 20 minutos de filme tudo aconteça, mas ainda assim é pouco envolvente.

Na média do Ti West (bom diretor). Não tem o climão de Hotel da Morte, mas achei interessante esse clímax despirocada e uns 10 (15?) minutos atmosféricos que o antecedem (até então medíocre).

Toda a ambientação oitentista é fabulosa, mas aí esbarramos em situações sem sentido e quando o bicho pega é tudo sem graça e sem sal. Quando a embalagem e a vontade de abrir o presente é bem melhor do quê o que tem dentro. E que final pé-é-éssimo.

Muitos tentam, mas Ti West é o único que consegue com êxito criar um filme de terror que, não só funciona por si só, mas também como homenagem ao gênero da década de 70/80.

Ti West acerta em tudo, e em cada plano médio, zoom e travelling mantém o desconforto do horror iminente que, quando explode (e demora, mas ele sabe o que faz - apresentando, ambientando, e sempre mantendo o interesse), é pra valer.

Com inspirações no cinema italiano e no horror americano setentista, aproveitando a temática emerge na época, Ti West conduz um bom jogo de expectativas e sugestões, investindo nelas para potencializar os vinte e tantos minutos finais quando despiroca.