A perspectiva dá tudo. O fantástico encontrando o real e perdendo a distinção em uma jornada tragicômica clássica de ascensão e queda. Porém ela, a perspectiva, dá o gosto único. História, religião, desigualdade, perus e telecinese em plena sintonia hermética.
Um conto de ascensão e queda. A perda da inocência em um mundo corrompido, exagerado e cruel. Lugar esse que provoca a marginalização do povo cigano, vítimas de exploração e preconceito por onde passam. Ainda assim, Emir Kusturica filma tudo com paixão e encanto, um respeito profundo pela cultura cigana. A trilha sonora é a alma do filme, capaz de provocar uma verdadeira profusão das mais variadas sensações.
Perhan é a representação do povo iugoslavo, bastardo, apátrida, com seus valores e conceitos invertidos especialmente os religiosos. Este elo é eterno e hereditário para Kusturica, os filhos bastardos dos filhos bastardos,num ciclo sem fim.
Há muito tempo não vejo este filme, mas me lembro perfeitamente de sua verdade e beleza, um trabalho de muita emoção e uma trilha sonora espetacular, que já tentei várias vezes conseguir, sem sucesso. Tá ná hora de rever o filme.