Lupas (11)

Não escorrega pra algo de mal gosto, o que ocorreria fatal e possivelmente no cinema americano. A trilha e a distopia chamam atenção.

O filme não sabe conciliar todos seus temas, perdendo muitas vezes seu foco e fazendo parecer com que tenha muito mais do que apenas 120 minutos. Nem mesmo o ótimo segmento final foi capaz de salvar essa obra.

Kore-eda ousa em tema e abordagem, mas o envoltório insólito da estória é simplesmente a base para uma crônica sobre o que, afinal, nos atesta como humanos.

Legal demais, naquela singeleza e beleza que Koreeda sempre traz. Nada supera a mistura natural que o cinema japonês faz da fantasia, do absurdo, do sobrenatural...com a realidade. Poderia terminar diferente.

O mesmo ar que enche nossos pulmões, o contato humano e a proximidade, é o mesmo ar que nos sufoca e nos tira a vontade de viver. Koreeda trabalha de uma forma muito metafórica esta dualidade que nos preenche e também nos consome.

Uma delícia (re)descobrir o mundo pelos olhos de Nozomi - tomar consciência das dores inerentes ao coração e ainda assim optar por tê-lo. Koreeda permite que as alegorias fluam placidamente nesse pungente conto sobre a solidão e a necessidade do outro.

Sinto uma certa redundancia na contemplação de Koreeda, mas AirDoll é de uma trajetória precisa em suas metáforas. De todo esse cinema japonês voltado a pintar um painel social do país e do povo, este é certamente um dos mais relevantes.

Acerta em cheio no coração

Sensibilidade pura. Retrata o ato de existir, sentir, errar, aprender. É sobre a solidão. Nozomi era o ser mais importante da vida de Hideo, mas quando ''Ela'' (pois é, Jonze, hahaha) descobre um coração, ele a renega. Tem metáfora mais poderosa que essa?

Gosto principalmente do encontro entre a boneca, uma mera substituta afetiva e sexual para um homem solitário, e o professor-substituto aposentado. É de um singeleza tipicamente oriental.

22/07/13