Lupas (11)

Embora esteja interpretando uma octogenária, Jo Van Fleet tinha apenas 45 anos na época. Ela era 16 anos mais nova que Jay C. Flippen , que interpreta seu filho.

Tinha tudo para ser um melodrama barato com uma daquelas mensagens denunciativas caretas. Nada disso, Kazan entrega um filme amargo, uma observação sobre um processo do qual a humanidade não consegue se desvencilhar , o eterno embate entre o progresso x natureza. Não há julgamento, somente a observação para uma crise sem solução ideal desde a questão da posse , tanto de terras bem como de humanos diga-se de passagem.

O que mais me impressiona é o humanismo dos filmes do Elia Kazan. Ele consegue transpor o paradoxo das relações mesmo num filme que tinha tudo para ser um melodrama genérico. E que direção! Todos os planos muito bem construídos e simbolicamente muito fortes.

Os sentimentos ondeiam, a vida precisa de um outro curso e as águas cobrem o passado em mais um exemplar amargo do cinema de Kazan.

O ser humano é tão belo e selvagem, a natureza é gratificante e melancólica; a busca do sentir é a mais imponente das epopeias. Kazan atinge a primazia do olhar, imagens são inesquecíveis, sensações afloram - tudo é melodia. Filme não menos que fabuloso!

A impressão que fica é que ou se trata de um dos maiores filmes do mundo e o melhor do Kazan ou então eu estou subvalorizando o que vi do diretor que não andava tão fresco na memória.

26/07/14

Para que o todo seja harmônico, é necessário que cada um faça parte dessa harmonia. Essa será a angústia de Monty ao longo do filme: fazer com que todos ganhem e ninguém perca. Não é uma tarefa; é um atalho para a tragédia.

De execução tão leve e segura, despretensiosa até o osso, o penúltimo plano aéreo é, assim como quis Kazan, de uma simbologia definitiva. Um bom filme.

Um clima muito bom, até o romance funciona.

Técnica: 10 Lógica artística: 9.5 Lógica científica: 8.0 Nota: 9.16