Amor maldito, doença que corre na veia da humanidade cambaleante, consome o ser em meio à loucura, ao medo, medo da morte, da rejeição. Cinema sujo, vindo direto da podridão, flertando com o noir e o sci-fi e com alma inquieta e perturbada.
É a história de um casal jovem sobre um fundo de criminalidade. Em 1987, os críticos viam o ''Sangue Ruim'' como metáfora não só da vida criminosa como da aids, que virara o pesadelo daqueles dias. Carax, ex-crítico, paga seu tributo à Nouvelle Vague.
Há belos momentos e frases desoladoras, especialmente o monólogo final de Alex. Mas a opção por uma narrativa truncada faz oscilar a sensação de se estar diante de um belo filme.
Condicionados ao mesmo estado permanente de letargia e incerteza, os personagens vagam a procura daquele antídoto que os privará do sofrimento. Concebido como um videoclipe pós-punk 80s, Carax projeta um rescunho do que seria o mundo sem o amor mútuo.
A boa ideia original (vírus transmitido através do sexo sem compromisso) jamais é explorada pelo roteiro de "papo-cabeça", e se perde na trama fraquíssima de furto planejado e personagens sem carisma. Destaque apenas para a beleza frágil de Binoche.