São 4 horas da mais profunda miséria humana, em todas as suas faces possíveis. Não dá pra ver isso e continuar a mesma pessoa. O cinema do Lav faz cada momento ser vivido pelo expectador, cada pedaço de uma tristeza da mais bela possível (por se tratar de uma ficção) e da mais pesada possível (por se tratar de uma verdade, que acontece a cada minuto, em todo lugar, sobretudo em terras tão banhadas de sangue, como a Filipinas, o Brasil ou qualquer país latino ou africano).
Cinematografia visualmente muito impressionante de Lav Diaz. Apesar de um primeiro contato com seu cinema e um certo receio por sua costumeira longa metragem Norte tem uma cadência bastante agradável além de um poder crítico relevante. Ansioso por próximos títulos do diretor.
Ao longo de sua extensa duração - que não significa ser arrastado -, leva o espectador a provar uma ironia amarga e cortante. O sentimento de culpa devora a alma e a verdadeira prisão não é palpável, conforme vai se verificando à medida que esta releitura do clássico de Doistoiévski se mostra e desenvolve sua potência.
Grande retrato de nossa impotência em relação ao caos que é a vida.
"A vida é apnas uma sombra ambulante de um pobre ator que gesticula em cena uma h ou duas e dps n é mais ouvido.Ela é um conto cheio de ruído e fúria dito por um louco significando nd" W
A brutalidade e a graça. De uma panorâmica aérea sobrevoando a aldeia que o prisioneiro deixou pra trás, até o fim do voo entre as grades da prisão: É por essas e outras sacadas que o filme parece ter uma hora de duração. Muito bom.
Uma releitura de Crime e Castigo para falar sobre o fascismo nas Filipinas, com uma segunda metade bastante longa em que quem sofre o 'castigo' não é quem comete o crime, mas sim o povo, que paga por sua passividade enquanto o 'ditador' continua bruta...