O tema é tão comum que o roteirista teve de usar o artifício da mistura de tempos para deixá-lo mais interessante, o que demandou uma montagem entrecortada confusa e nada somativa ao conjunto. Os diálogos são forçados, e os personagens incorporam o clichê novelesco padrão. Os conflitos são mal desenvolvidos e até inexplicáveis, dentro do contexto proposto. As atuações são tão comuns que também nada acrescentam ao pressuposto drama. Não há uma cena mais criativa ou emocionante.
A montagem não linear picotada entre os dramas individuais e o familiar, mas em torno de um ponto comum, é interessante; porém acaba prejudicada pelo roteiro irregular, que não consegue desenvolver satisfatoriamente todas as linhas narrativas que costura.
O filme aborda a ausência e seus efeitos se utilizando de duas situações, a ausência necessária e a morte, buscando argumentos nos reflexos em três personagens. Peca na distância emocional que propõe, não criando um laço substancial entre os traumas.
Temporalmente fragmentado, o drama de Trier é marcado pela discrição; fogos de artifício emocionais não serão encontrados aqui, para desalento do público ansioso por louças jogadas contra a parede ou lavagem de roupa suja aos berros.
A estrutura escolhida, ao tempo em que garante ótimos momentos, compromete a fluidez e a coesão do todo. Ainda assim, um ótimo drama familiar sobre ausências e fantasmas do passado, que tem como diferencial dar espaço pra todos brilharem.
Funciona em passagens isoladas, quando consegue driblar a frieza e oferecer vislumbres da humanidade dos personagens. O mais difícil é aturar os rompantes do filho mais novo.