Lupas (27)

Uma construção sensível do personagem de Daniel Blake (sua ansiedade, sua vontade de porém prática o que sabe fazer, seu peixes de madeira), da primeira a última cena somos tocados pelo humanismo desse rosto, dessa voz, que representa toda uma parcela (tristemente grande) da população a deriva da burocracia dos serviços públicos dos estados de bem estar social moderno. Personagens secundários interessantes, enriquecem o roteiro. Mesmo sendo a interação entre os mesmos não tão orgânica por vezes

Loach mostra todo seu controle ao construir muito bem o drama de depender do Estado pra sobreviver na Inglaterra. Daniel(Johns) é um personagem quase espelho de tantas pessoas que vivem essa duríssima situação. Ainda consegue encontrar algo tão próximo quanto uma família. Faz uma troca não só de favores, principalmente de força emocional pra seguir lutando. E durante o longa cada um vai tendo suas crises, e ao final onde a paz aparecia no horizonte, veio a morte repentina. Trágico e verdadeiro.

O Estado capitalista matando os cidadãos pobres.

A vida roteirizada de Daniel Blake certamente poderia servir de base para um documentário real sobre a negligência dos serviços sociais pelo mundo afora, da insensibilidade dos atendentes públicos com o problema do outro à burocracia intencional, para atrasar o "cliente" e fazê-lo desistir do seu direito. É nessa ótica que Loach, ora sensível, ora mordaz, critica a falta de preocupação com próximo, além de ironizar também a maior vantagem dos computadores, resolver problemas que não tínhamos.

Mais uma excelente produção com dedinhos franceses, deliciosamente triste, a capa engana, muitas cenas desconfortáveis, de extrema sensibilidade, gerando uma revolta por se tratar de algo tão real no mundo contemporâneo, muito lindo...

Drama social muito poderoso, sobre como o Estado capitalista aprofunda a crise existencial, cuja burocracia, grau de ineficiência e desigualdades assolam os indivíduos. Isto é, conteúdo forte, ainda que filmado de forma completamente padrão.

Crítica muito mais à burocracia estatal do que ao capitalismo, como alguns têm dito, ainda que esta exista. Opta por uma insossa simplicidade na abordagem do tema, escapando às suas complexidades, e se sai relativamente bem, apesar de alguns excessos.

Mais apela ao melodrama do que aprofunda a questão. Não merecia, como filme, ganhar Cannes de Aquarius, mas pelo tema MEGA pertinente o seu prêmio ganha importância e justifica sua pegada popularesca. Se não é um puta filme, é cinema político de primeira!

Loach, inspirado no neo-realismo italiano, consegue, em boa parte do tempo, aliar a contundente critica institucional à história que narra, produzindo uma obra aparentemente simples, mas que se revela tocante e dolorosa. Destaque para Johns e Squires.

O valor de uma pessoa para o Estado retratado de forma profunda, sem muletas dramáticas. Loach é rei. Sem mais.

Um excelente retrato da mais recente crise do Capitalismo que se abateu sobre a Europa e suas consequências sociais e morais. Um drama sensível e aflitivo sobre a burocracia e a dignidade humana. Daqueles filmes que não há como ficar impassível.

Ken Loach nos apresenta mais um drama urbano da nova prole. Sempre contestador à convenções sociais, Loach ataca a burocracia inglesa (ou seria mundial) tão comum aos órgãos governamentais onde o ser humano é só mais nome dispensável.

Além de ser uma dura crítica à toda a burocracia e descaso com o povo e, também um grito sufocante de uma voz que necessita ser ouvida. Belíssimo teste de empatia, que flui perfeitamente sem soar piegas graças ao trabalho de direção bastante realista.

Penso ser um erro classificar como "acadêmico". Eu Daniel Blake não é um filme chapa branca, tão pouco é feito na medida para festivais. Há vida e compromisso social aqui. É sóbrio, sério, tem objetivos claros e seu protagonista é bem construído.

Filme representativo de uma época, ou até mesmo era, dura. O mercado truculento que exige coisas para sobrevivermos nele, enquanto só queremos viver. Simpático, porém, pobre em sua abordagem dramática. Seria maior se investisse na rebeldia de Blake

06/02/17 No Brasil somos todos Daniel Blake. Obra-prima de Loach.

O estado burocrático, mecanizado e indiferente. A pobreza como doença social (condição por vezes gerada pela falta de empatia entre as pessoas). "I, Daniel Blake" é um filme extremamente relevante nesses tempos sombrios que vivemos.

Simples, pouco inovador, mas muitissimo bem executado. Chega próximo ao fim e me encontrava temendo pelo futuro de todos os personagens, não é um filme de trama mirabolante, porém é, com o perdao do adjetivo, extremamente humano.

A força do cinema perante o sistema é ferramenta de instauração de reflexão, com Daniel Blake e seu picho sendo porta-voz dos desmandos de Estados que, com suas burocracias, força as pessoas a perdem o respeito próprio. A cena da comida é destruidora.

A paulada na Reforma da Previdência que você mais respeita. Somos cidadãos, nem mais, nem menos.