Almodóvar expõe aspectos de sua vida em uma narrativa que, como era de se esperar, se divide em diversas camadas estruturais conectadas de forma inteligente e abusa de elementos ficcionais que elevam o drama e o vazio dos personagens sem nunca, desta vez, chegar ao tom por vezes patético que se desenhava em trabalhos anteriores. Pedro Banderas, desde sua caracterização e de seu aprimorado trabalho corporal, consegue dar forma à melancolia e à crueza que o personagem representa.
Um drama sensível e intimista. Um filme bonito aos olhos e ao coração. O menininho que interpreta o protagonista é um verdadeiro achado. Almodóvar mostrando que ainda tem muita lenha pra queimar.
Em seu 21° longa, Almodóvar segue dedicado a seus temas prediletos, desdobrando mais um melodrama de cronologia descontínua e selando mais uma bela parceria com Banderas, cujo prêmio em Cannes lhe fez justiça.