Tem algo de interessante na premissa de Koreeda em discutir ou ao menos tentar levantar questionamentos sobre aquilo que é verdade ou não, ao mesmo passo em que, em nenhum momento do filme o diretor consegue fazer com que o espectador de fato se intrigue em descobrir a verdade. Suas imagens continuam belas mas uma certa morosidade da trama e um texto um pouco simples demais deram à este filme um ar de que algo faltou.
O filme nunca encontra um senso de humanidade dentro do emaranhado de sua trama. A resolução do mistério é apressada e a narrativa lenta deixa o filme um pouco cansativo. Mesmo assim, existe um bom trabalho de direção e um acerto nas tramas e subtramas de seus personagens.
Por vezes, a narrativa perde o fôlego e se torna cansativo acompanhar os desdobramentos da investigação, mas Kore-eda ainda consegue interessar com seu foco no que os personagens têm de mais humano.
Koreeda inova na carreira ao investir sobre sua área temática sob a perspectiva do filme de gênero - por meio de um caso de assassinato repleto de idas e vindas, entrelaça três famílias despedaçadas, cada qual ao seu modo, pela ausência e pela violência.
É verdade que Koreeda não passa segurança total sobre o filme que conduz, talvez acostumado demais aos dramas otimistas que tanto se conectou naturalmente até aqui, mas compensa a forma que trata a objetificação da trama e seus elementos investigativos.
Para além da caminhada de Koreeda por um "filme de gênero" e suas limitadas estruturas, o cerne e os valores de seu cinema permanecem. O propósito das discussões pode até ter menor amplitude, mas a classe e a força das imagens do diretor persistem.