Quando crio muitas expectativas acerca de determinado filme, geralmente, eu acabo não gostando dele, e criei consideráveis expectativas sobre Pânico 4. Me surpreendi e gostei, acho que isso já é alguma coisa...
Dez anos depois dos últimos eventos, Sidney Prescott vive como uma reconhecida autora de livros de auto-ajuda. Porém, em sua última viagem de divulgação de seu livro, ela volta a Woodsboro, onde retoma contato com o xerife Dewey e Gale. O problema é que a volta da moça traz também o assassino Ghostface, agora atualizado.
Paradoxal desde a ótima cena de abertura, Pânico 4 tenta soar sarcástico e inteligente criticando os atuais filmes de terror que andam carregados de mesmice, sendo que ele também perde inteligência e soa hipócrita já que está recheado daquilo que critica: clichês (me referindo às seqüências de assassinato). Tais seqüências são tão batidas, tão toscas, que você chega ao ponto de evitar se apegar à alguns personagens já que é óbvio que ele não durará até o final, e digo isso tudo por experiência própria. Se além de previsíveis, as cenas de morte simplesmente assustassem até seria válido, mas não, pelo contrário, são as cenas mais cansativas do longa.
O único defeito de Pânico 4 está aí: as seqüências de assassinato. O pior, o que me irrita, é que as seqüências são ruins por pura opção. O diretor poderia ter optado por algo menos sanguinário e investido no clima de suspense, esse feeling trash não ajudou. Tenho certeza de que se o filme se levasse mais a sério seria melhor, porque o seu desfecho é maravilhoso, 5.0 pontos da minha nota são dedicados à ele.
Essa história de que Wes Craven se reinventou é um exagero. No máximo, se recompôs. Ele cria ótimas jogadas usando câmeras usadas pelos personagens da história, mas isso é tudo. E como ele próprio afirmou em uma entrevista, fica claro que a construção do roteiro fugiu um pouco das suas mãos, apesar de ainda percebemos o seu estilo.
O elenco, analisado de uma forma geral, é mediano a bom. Dentre as atuações relevantes, temos: Neve Campbell, nos apresenta uma Sidney cansada, corajosa e melancólica. Courteney Cox e David Arquette estão vestidos e entregues ao papel, principalmente Courteney, que me conquista com sua personagem e sua atuação. Rory Culkin, não está mal, prefiro ele em Sinais, mas no final do filme, admito, está bem. Emma Roberts, meus amigos, está ótima... Uma surpresa de fato.
Para evitar spoilers, é isso.
Poderia ter sido muito melhor, porém Pânico 4 foi mal lapidado. Diria que o diretor aproveitou 50% do potencial do filme. E se, mesmo assim, mereceu nota 7.0, imaginem se ele tivesse aproveitado toda a potência do longa?
É triste, mas Pânico só tem um defeito, e esse único defeito consegue sabotar a primeira metade da projeção. Ao menos ele consegue rir de si mesmo.
(Texto publicado originalmente em www.soucinemaniaco.blogspot.com)
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