Steven Soderbergh cria aqui uma epidemia que visa a se aproximar ao máximo de nossa realidade, um vírus que tenta ser real e aceitável. Contágio tem seu mérito justamente na possibilidade da vida imitar a ficção, pois os acontecimentos do filme são plausíveis, embora alguns um pouco exacerbados.
A maneira pela qual o vírus se espalha é bastante enfatizada pelo diretor, não são poucas as tomadas em que pessoas seguram copos, objetos, etc. É evidente que numa epidemia de proporções avassaladoras como em contágio a forma de disseminação do vírus realmente deveria ser muitíssimo simplória.
Um dos principais problemas que vejo no filme é que, apesar da mortalidade absoluta e da alta taxa de propagação do vírus, as autoridades envolvidas reagem de forma extremamente calma. Ora, até seria justificável que médicos, políticos e cientistas mantivessem relativa tranquilidade, mas a própria população, exceto em raros casos, não reage da forma que seria esperada, Contágio deveria gerar um pandemônio, pois é a morte rápida que bate à porta!
Nesse sentido faltou um pouco de desespero ao filme, os atores estão muito tranquilos, e apesar de contar com um elenco estelar, o mesmo é pouco exigido, Gwyneth Paltrow é uma das que pouco atua (por força do roteiro, é lógico), detalhe para o diálogo entre Matt Damon e o médico, um dos quais consegue captar o peso da realidade:
Médico: Apesar de todos os nossos esforços, ela não respondeu. O coração parou e, infelizmente, ela morreu.
Damon: Certo.
Médico: - Sinto muito, Mr. Emhoff. - Sei que é difícil de aceitar.
Damon: Está bem. Posso falar com ela? (!!!)
No somatório Contágio atinge o principal propósito a que se dispõe esse tipo de filme, volto a bater na tecla: Seu principal mérito reside na sua possibilidade, como fica claro no ótimo final, que te faz pensar: “Poderia acontecer...”.
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