Em O Menu, o diretor Mark Mylod satiriza um tipo muito específico de elitismo. Ou seja, ele tece a narrativa por meio de uma representação exagerada do mundo da comida gourmet, que envolve desde celebridades decadentes a críticos esnobes. Aliás, todos se percebem tão conhecedores do assunto quanto o chef responsável pelas refeições. Inclusive, a competitividade que se estabelece entre eles é fonte do humor no roteiro de Seth Reiss e Will Tracy.
Mas, em um momento do cinema no qual este tipo de sátira não é exatamente novidade, o filme acaba não sendo inovador no nível que se propõe. E essa sensação de vazio se dá mesmo com atuações sarcásticas e algumas brincadeiras divertidas, além de toda a qualidade técnica.
Neste filme, uma mistura eclética de pessoas embarca em uma balsa para uma viagem rápida a um destino histórico. É que os jantares refinados e com vários pratos do chef Slowik são lendários e têm preços exorbitantes. E é neste cenário que conhecemos o casal Margot (Anya Taylor-Joy) e Tyler (Nicholas Hoult), que além de formar um par carismático guarda algumas surpresas para o enredo. Além deles, há uma galeria de astros que dá vida aos convidados em composições até muito interessantes, mas nem sempre com personagens bem desenvolvidos. Assim, quem se destaca é Ralph Fiennes como o chef, em sua mescla de controle obsessivo e liderança calma.
Já o tratamento personalizado que cada hóspede recebe a princípio parece atencioso, além de condizente com o tipo de mimo que essas pessoas esperariam quando pagam um preço tão alto. Mas com o tempo, os pratos feitos sob medida assumem um tom intrusivo, sinistro e violento, quase aterrorizante. Essa é uma mudança de tom muito drástica e não totalmente funcional. Afinal, o filme se torna incômodo e as reflexões de que o dinheiro corrompe as pessoas soam óbvias. Apesar disso, O Menu permanece deslumbrante do ponto de vista sensorial. Ou seja, há uma elegância na direção de arte e uma ludicidade na trilha sonora, que favorecem o clima tenso
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