Lançado no começo da efervescente década de 1970, Domingo Maldito é um excelente exemplo de filme que não poderia ter surgido em época melhor. Trata-se inquestionavelmente de mais um relevante e imprescindível exemplar que ajudou a sacudir a inesquecível década de 1970. Dirigido por John Schlesinger, esse, entretanto, é um filme, que, por mais que realize profundo estudo de uma época cheia de mudanças como é a retratada, é uma obra atemporal.
Partindo de uma premissa simples sobre duas pessoas quase desconhecidas, Daniel, um médico judeu, e Alex, uma secretária de meia-idade, que dividem o mesmo homem, o inconstante e talentoso Bob Elkin, Domingo Maldito alcançou resultados relevantes para sua época, mas também para qualquer outra.
Um de seus grandes méritos é nunca forçar conflitos baratos que nos façam "torcer" para que um dos dois "conquiste" Bob. Daniel e Alex são adultos e, por mais que às vezes possam demonstrar certo desconforto com a situação, sabem que Bob ama os dois, cada um a sua maneira, precisa deles e não há qualquer indício de que esteja para escolher um deles. Bob, entretanto, por trás da sua imagem de liberal, não deixa de sentir ciúmes de seus dois companheiros.
Daniel e Alex são bem mais velhos do que Bob e não têm famílias muito abertas a aceitarem quem eles são, ou mais precisamente, com quem eles estão. Peter Finch e Glenda Jackson enchem a tela com poderosas atuações singelas, servidas de pequenas sutilezas do tipo que somente grandes atores são capazes de entregar em algum momento de suas carreiras. Duas performances inesquecíveis em um filme igualmente memorável.
Um filme que soube retratar de forma única e honesta (e, acredito, inédita) um novo tipo de relacionamento, livre e casual, proveniente de uma nova época. Um longa tocante e humano sobre pessoas que deixaram de acreditar na ilusão de que é possível encontrar a pessoa ideal. O mais próximo que podemos chegar é simplesmente ter alguém para amar, mesmo quando ela não seja inteiramente nossa.
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