Filme de luta? Não. Baseado em uma história real, O Vencedor é sobre uma família. Uma família destruída pelo vício de um dos filhos em crack (Bale) e que deposita toda sua esperança na carreira do filho mais novo como lutador (Wahlberg), já que as outras SETE irmãs não parecem fazer muita coisa além de fofocarem o dia todo. A dinâmica desta família, invadida por uma namorada briguenta, é o que move este ótimo filme, de atuações espetaculares.
Mark Wahlberg fica apagado no meio tantos bons coadjuvantes, não por culpa do ator, que entrega uma atuação enxuta e correta, mas sim pelo personagem. Apesar de ser o protagonista, Micky não tem a complexidade dramática dos outros, e é retratado como um homem desacreditado e sem voz ativa. Nos poucos momentos em que toma as rédeas da situação, como quando consegue o número de telefone de uma garçonete, Wahlberg enche a tela com seu sorriso, o mesmo sorriso do garoto que conhecemos em Diário de um Adolescente e Boogie Nights.
Melissa Leo está muito bem como a mãe sofrida e que sonha com o sucesso dos filhos, ainda que eu prefira Amy Adams de namorada autoritária, que troca as mega expressões de Leo por um rosto sempre sério, com as lágrimas brigando para não cair. “Às vezes menos é mais.”
Christian Bale chama a atenção em todas as cenas em que está presente, da abertura ao encerramento, trazendo a hiperatividade, o bom humor e a cara da decadência de um viciado. Um homem que vive repetindo nas palavras e mesmo a encenação, de seu maior momento de glória (e a ótima montagem intercala as duas passagens demonstrando o grande contraste). Mais magro do que nunca, chega a ser difícil acreditar que aquele homem frágil e desdentado é o Batman, mesmo que já o tenhamos visto fisicamente parecido no ótimo e esquecido O Operário. Assim, além da atuação perfeita e de se revelar um bom cantor em duas passagens, o ator ainda estampa na cara a vontade e a entrega de um apaixonado por sua profissão. Há como o Oscar não ser dele? Impossível.
Ao término da luta final, os dois irmãos se agacham no canto do ringue, e conversam algo. Algo que não ouvimos, que pertencia apenas a eles.
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