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Críticas

Harry Potter e o Enigma do Príncipe

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Após uma longa espera, Harry Potter e o Enigma do Príncipe estreia nos cinemas com muito mais a oferecer que os filmes anteriores.

Dois anos após Harry Potter e a Ordem da Fênix desembarcar nos cinemas mundiais, os fãs da série do bruxo mais famoso do mundo podem finalmente curtir o sexto filme e conferir o que se fez com o livro, agora sendo adaptado. Se nos cinco longas anteriores a decepção foi inevitável, é bom que fique bem claro que a série não se esquivou dos cortes. Muito do que estava na obra de J.K. Rowling foi ignorado, ou pelo menos empurrado para a sétima e última parte da aventura de Harry Potter. Mas para a minha surpresa, e para a de outras pessoas, as escolhas feitas pelo roteirista Steve Kloves e pelo diretor David Yates foram mais do que bem sucedidas e não afetaram a história em momento algum. Os fãs, como eu, podem até ficar um pouco decepcionados pelo corte dos que seriam os minutos finais do filme, mas se formos parar pra pensar, tudo foi acertado e cortado de forma inteligente. Este, na verdade, é um dos vários pontos do filme que evoluiram drasticamente, em relação aos trabalhos anteriores.

De fato, o longa todo é uma evolução inqualificável, e é sem sombra de dúvidas, o melhor filme da série até agora. E destaca-se o diretor David Yates, consagrando-se o melhor que já passou pelo cargo desde o lançamento do primeiro filme nos cinemas. Seu trabalho é excelente, organizando cortes, incluindo cenas inéditas, dirigindo os atores, assim como a arte deslumbrante. Yates optou por uma mudança drástica de clima em relação ao quinto filme, que também dirigiu. Apesar da atmosfera sombria, o humor está lá, com presença constante, liberando risadas nos momentos mais propícios, sem exageros e erros na edição. Aliás, para esse tom mais sombrio, Yates quis uma fotografia mais escura também, privilegiando uma mistura de preto com cinza e azul, mantendo o filme com uma aparência mais madura. Enquadramentos profundos, cores sombrias, tudo propicia um a sequência ainda melhor que as expectativas.

Entretanto não é só Bruno Delbonnel que fotografa bem 'Harry Potter e o Enigma do Príncipe', a direção de arte de Stuart Craig nunca esteve tão bela e magnífica. Com detalhes que realmente importam, o trabalho do desenhista de produção mantém-se no capricho e nas cores escuras, com um uso mais preferencial do chumbo, da madeira e do dourado, causando um contraste perfeito com a fotografia bem empregada. Jany Tamime esboça figurinos interessantes, com uma atenção ainda que especial e única a cada personagem, que contém uma característica predominante das vestimentas arrojadas. Dumbledore, por exemplo, usa sempre uma roupa extravagante, com um azul cintilante que muitas vezes pode ser confundido com o cinza. Enfim, tudo avançou em termos de produção, o que inclui também a sonoplastia e os efeitos especiais, que embora não apareçam tanto, eles não se fazem necessários, uma vez o amadurecimento da história em si, com destaque para o romance entre os personagens, ciúmes e confusões, sentimentos típicos de adolescentes vulneráveis aos hormônios.

E talvez isso seja um fator que contribua para que as crianças fãs da série se sintam decepcionadas. A magia nunca esteve tão ausente como nesse filme, com os encantamentos de sempre, o roteiro privilegia o amor e um humor mais relacionado a ele. Mais essa mudança percebe-se no próprio cotidiano dos alunos de Hogwarts, onde somente uma aula é de fato mostrado, a que Harry ganha a poção de Felix Felicis, que por sinal é extremamente divertida.

Não poderia encerrar essa análise sem comentar o grau das atuações do renomado elenco. Jim Broadbent, que interpreta de forma impagável Horácio Slughorn, transforma um personagem amedrontado pelo passado em alguém fútil e perturbado, assim como Gambom, que faz de Dumbledore um homem carismático com uma dose extra de sensibilidade. Rickman e a arrogância já conhecida de Severo Snape está ainda melhor, assim como Maggie Smith, que recebe um pouco mais de atenção que no filme anterior, tem passagens magníficas. Julie Walters em seus dois minutos impressiona com um simples olhar e até mesmo Robbie Coltraine, em uma das menores aparições de Rubeus Hagrid na série, faz o personagem com seu talento usual, ou seja, mais uma vez bem feito. O trio principal porém, tem uma evolução de se deixar de boca aberta, sem exageros. Daniel Radcliffe está muito melhor do que se poderia supor, com diálogos onde está presente a ironia e o carisma de Harry Potter, ele se sai surpreendentemente bem. Emma Watson chora com facilidade e muda de vez a impressão que Hermione Granger deixou no quinto filme (de chata e mandona),a gora fazendo uma menina apaixonada, ciumenta (no limite do cômico) e divertida. Rupert Grint trabalha com expressões faciais, mas não se assustem, não são caretas. Seu trabalho como ator também evolui drasticamente, em mais um ponto que não sei como, Yates conseguiu converter ao seu favor.

Harry Potter e o Enigma do Príncipe é o melhor de todos os filmes da série, disso não resta a menor dúvida. Com destaque para as atuações, um diretor muito menos falho e um roteiro superior, a arte mais uma vez surpreende, apesar da reciclagem feita com a trilha, onde Nicholas Hooper resgatou faixas de "Ordem da Fênix". O sexto é uma ótima sequência do fim que se aproxima, com direito a câmera ágil e cenas de humor inspiradas. Uma excelente diversão, que vale a pena ser conferida.

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Corpo que Cai, Um

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Alfred Hitchcock é muito mais do que o mestre do suspense, ele vai além, muito além, é um gênio, um mito, um dos maiores – talvez o maior – cineasta de todos os tempos. Sobram exemplos para provar sua excelência; a técnica apurada, a habilidade em criar um clima tenso mesmo com elementos simples, sem exageros. Hitchcock foi um marco da história do cinema, foi o melhor do gênero, imbatível. A música que sobe nos momentos certos, que aflige o espectador, a simplicidade evidente – muito pelo ano de seus filmes – que pode até passar por tosca numa época em que vemos efeitos especiais aos montes… mas e o conteúdo? Parafernalhas tecnológicas podem ajudar, porém, genialidade se destaca mesmo sem muitos recursos. É difícil ver um filme de suspense hoje em dia que se iguale a Hitchcock… arrisco a dizer que é quase impossível.

"Um Corpo que Cai" é considerado uma das obras-primas do diretor, pois conta com todos os elementos necessários para se criar um bom suspense. A história gira em torno de um ex-detetive da polícia que se aposentou após um acidente por consequência de sua vertigem (fobia/medo de altura) – a cena inicial em cima do telhado é uma das mais clássicas do cinema. Mesmo fora de combate, John Scottie Ferguson (James Stewart) é contratado por Gavin Elster (Tom Helmore) para vigiar sua esposa (Kim Novak), pois acredita que ela tem alguns problemas psicológicos e tendências suicidas. No entanto, o enredo sofre um revés quando os dois se apaixonam, e o que era para ser uma coisa simples se transforma numa trama bastante complexa.

Hitchcock usa muito bem a trilha sonora, que é primordial para criar a tensão entre as personagens. A habilidade em saber os momentos certos para colocar, aumentar ou diminuir a música é parte importantíssima no suspense - nem preciso dizer que ele faz isso com primor. O roteiro é amarrado, bem construído e envolvente. A cada minuto o espectador mergulha mais e mais fundo na história querendo desvendar o mistério; à princípio temos a total impressão de que o ex-detetive é paranóico, maluco, perturbado (assim como a mulher que ele está investigando). Depois, no final, tudo é desvendado com clareza, da melhor forma possível e sem deixar furos ou dúvidas para quem está assistindo. O cineasta parece brincar de detetive com o público e aos poucos vai criando um cenário cada vez mais instigante, mais complexo.

Na parte dos personagens, Hitchcock caprichou, pois os construíu e aprofundou perfeitamente. Vemos claramente o processo evolutivo do drama psicológico de Scottie Ferguson (muitíssimo bem interpretado por James Stewart) e também observamos Kim Novak excelente em seus dois papéis – especialmente no segundo, em que conseguiu ser muito convincente ao passar um misto de amor, medo e agonia. O elenco de apoio também executa seu trabalho com competência, e aqui destaco o desempenho de Barbara Bel Geddes na pele de Midge – aquela coadjuvante de extrema importância para a trama.

No final, "Um Corpo que Cai" vai além de um simples exercício de detetive por parte do espectador, é uma aula de bom cinema e de como construír um suspense psicológico e perturbador. O filme ainda mostra que a acadêmia é injusta e fazedora de média, pois o longa foi indicado somente para duas categorias secundárias no Oscar de 1959. Mas quem liga para isso, afinal? O trabalho de Hitchcock ficará marcado para sempre na história, independente de qualquer prêmio pomposo do cinema americano.

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17 Outra Vez

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O filme “17 outra vez” é mais uma comédia criada sob medida para arrecadar bilheteria, tendo como público-alvo os adolescentes... em outras palavras, é mais um filme bobo e superficial.

O ídolo teen do momento, Zac Efron, é quem protagoniza o vídeo. Ele que, dependendo do ponto de vista, pode ser considerado carismático e bom dançarino, tem uma incontestável falta de talento no que diz respeito à representação. Visto que seu sucesso se dá por um único motivo: sua beleza.

Aí eu me pergunto: pra quê bom desempenho se a indústria do cinema se contenta apenas com rostinhos bonitos? Pois é... Infelizmente é verdade.

Voltando-se agora ao enredo do filme, o mesmo é nada mais que uma película batida sobre um adulto voltar a ser jovem.

E não é de hoje que temas como "regressão" e "troca de corpos" se desgastaram nas comédias. Ainda assim, isso não é impecílio para que "bombas" como esta sejam feitas aos montes pelos ianques.

Em “17 Outra vez” não é diferente. Mais uma vez, nos é mostrado alguém que está sendo afligido por algum tipo de problema, e que por intermédio de forças sobrenaturais, sofre a famigerada troca de corpos – ou, como no caso aqui, o retrocesso etário –, para que assim se possa ser identificado à raiz de sua insatisfação, tendo então, a oportunidade de se corrigir.

Ah, o que acontece, é claro, somente no desfecho, já que durante todo o filme, devido às circunstâncias, o personagem passará por diversas trapalhadas ao tentar se adaptar a nova realidade e a desvendar o porquê do acontecido.

Bom, produções desse tipo, normalmente são sem criatividade, sem contar na falta de o mínimo que seja de raciocínio lógico. E pior, contam ainda com o “auxílio” de interpretações sem graça e sem naturalidade, resultando-se assim, em mais um carbono de tantos outros vídeos que temos por aí.

Ao seguir esta linha de raciocínio, eu só posso afirmar que os mesmos artifícios usados em películas similares como em “De repente 30” e “Sexta-feira muito louca”, simplesmente não funcionam aqui.

O roteiro em si é uma apresentação de recorrentes fatos aborrecidos. Entre eles está à razão da tal troca de corpos que não é satisfatoriamente definida.

A postura de Zac como um adulto preso a um corpo adolescente, também não convence. Aliás, o comportamento de todo – eu disse todo (!) – o elenco é forçado e esquemático. Sem falar na forma improvável com que o mocinho se relaciona, e se aproxima de sua família... E não para por aí o festival de furos e clichês.

Os personagens são redundantes em tantos estereótipos. Os diálogos rasos e sem nexo. E a falta de química está "presente" em todas as cenas.

Por consequência disto, desde que eu assisti ao filme, não consigo parar de enumerar os furos que o mesmo apresenta.

Outra questão que importuna muito, é que o protagonista é uma versão masculina da aspirante à atriz Hillary Duff.

Ambos são esforçados, porém fúteis, e não conseguem manter segurança por meio da atuação, apelando assim para seus atributos físicos e para projeções que enfoquem isso.

Só espero que ele, como resultado da fama, não opte pelo típico estilo de vida dos jovens astros de Hollywood que se cansam do rótulo da “ingenuidade”, aventurando-se em papéis duvidosos, com o acompanhamento da dependência química, tipo um (a) “maucalay/Lindsay Culkin/Lohan” da vida.

O personagem central da estória, Mike, só serve de arrimo para a alta exposição de Zac Efron.

Sendo assim, o filme existe apenas para desfrutar da bem-sucedida imagem que Zac tem tido na mídia. Idéia esta que fica mais evidente graças aos passos de dança que ele protagoniza junto à brega equipe de torcida de colégio, logo no início do filme. Uma óbvia reminiscência ao folhetim “high School Musical”, sucesso que lançou Zac no mercado.

Portanto, o roteiro é nada mais que um subtexto, ou melhor, um pretexto para manter o galãzinho num vídeo com mais de uma hora de duração, visando o lucro que será angariado pelo público teen – corrigindo, pelo público feminino com menos de 12 anos.

No entanto, o único momento positivo que consegui extrair deste filme foi rever o querido Matthew Perry – o saudoso Chandler do icônico seriado “Friends”. Mesmo sendo ele mal aproveitado no papel de Mike quando adulto. Uma perda de oportunidade considerável que a equipe teve de se arrancar algumas risadas através dele.

Quanto ao ator Thomas Lennon, como melhor amigo de Mike, está bizarro! Com seu personagem totalmente inverossímil, moldado sob uma combinação de cafonice e exagero, só irrita. As cenas dele com a diretora do colégio são patéticas e constrangedoras! Com direito a mais referências do exaustivo “Star Wars” nos diálogos, e tudo o que permeia o mundo dos nerds.

Por estes tantos motivos, acredito que qualquer pessoa com o mínimo de senso crítico se sentirá incomodada com “17 Outra vez”. O filme que de tão pífio, pode ser definido por um simples e trivial adjetivo: bobo.

Mas preciso frisar que o problema não é a temática jovem, ou a intenção deliberada da direção de Burr Steers em passear por um produto do cinema de massa, e sim, a falta de total originalidade, em que não há um resquício sequer de argumento coerente. Somente um mosaico repetido e simplório das situações mais artificiais.

Finalizando o comentário, o longa não me agradou. Pra mim, foi uma verdadeira perda de tempo parar para vê-lo. Por isso, não recomendo. Nem mesmo para quem se denomina fã do rapazinho com cara de boneco "Ken"...

Ah, para quem não conhece, é o namorado da Barbie.

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Proposta, A

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Está aqui um gênero que é subestimado pelos críticos e por boa parcela do público que se diz entendedor de cinema. A comédia romântica é vista com maus olhos por muita gente, mas atinge em cheio outra parcela generosa do mercado: talvez os casais apaixonados ou os românticos de carteirinha; Enfim… "A Proposta" pode ser facilmente considerado mais do mesmo, muito pelo seu roteiro óbvio ou por se ater a detalhes já batidos em qualquer longa do tipo. O trabalho da diretora Anne Fletcher tem pouca coisa inovadora - ou quase nada mesmo -, e por isso, talvez merecesse uma nota ruim, já que segue um modelo pré-estabelecido pela indústria cinematográfica. No entanto, há pontos positivos que fazem com que a trama valha a pena (vejamos no restante do texto).

A história por si só é clichê… temos a executiva bem sucedida que é ‘má’ e pisa em todos os seus funcionários – podemos associar a personagem de Sandra Bullock com a editora Miranda Priestly (Meryl Streep), de "O Diabo Veste Prada". Ao mesmo tempo, temos o subordinado (Ryan Reynolds) que é feito de capacho pela chefe e tem sua competência contestada a todo o momento. Acho que nem precisamos dizer que por algum motivo milagroso os dois se juntam e formam um casal. No início ambos se odeiam, mas com o tempo sentem que têm algo em comum. O que era ódio vira amor, num esquema bem semelhante às outras comédias românticas.

Para salvar o trabalho e o roteiro precário, contamos com um desempenho inspirado da carismática dupla de protagonistas. E como Sandra Bullock se sai bem nesse tipo de papel… na pele da durona Margaret Tate, ela nos rende as cenas mais divertidas e hilárias da trama – para mim, o filme é dela! Assim como em "Miss Simpatia", onde seu trabalho é impecável. E quem pensa que ela só leva jeito para comédia está enganado, é só lembrar do dramático "Crash – No Limite". Ryan Reynolds, por sua vez, se consolida cada vez mais como um ator de filmes ‘bobinhos’, longe disso ser um demérito, já que ele se sai muito bem nesse tipo de personagem – vale lembrar "Três Vezes Amor", por exemplo.

Além do bom trabalho do elenco em geral, podemos dizer que as piadas funcionam, temos alguns ótimos momentos e muitas sacadas inteligentes (como a da parte em que os dois se veem obrigados a deitar de conchinha). Uma pena que em determinadas passagens o filme seja escrachado demais, o que ao meu ver é o grande defeito das comédias de hoje em dia. A necessidade de fazer rir coloca a originalidade ladeira abaixo, e o que deveria ser natural acaba se tornando falso, bobo… talvez seja por isso que é cada vez mais difícil ver um bom longa desse gênero.

Por fim, ainda acho que "A Proposta" seja um filme recomendável. As qualidades superam os defeitos e as cenas impagáveis – a maioria delas vindas de Sandra Bullock - fazem com que o caro dinheiro do ingresso acabe valendo a pena. Se você procura um filme pura e simplesmente para se divertir, sem precisar pensar e refletir durante horas e horas, vá assistir, sem compromisso, sem expectativa… caso contrário, creio que é melhor ficar em casa mesmo.

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Zathura - Uma Aventura Espacial

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Zathura: Uma aventura espacial (2005) é o que podemos chamar de uma tentativa de "upgrade" do clássico Jumanji (1995), mas que infelizmente fica apenas na tentativa. Não que o longa não mereça algum crédito, especialmente pelo novo visual da aventura, mas, como um bom filme fast-food, ele só existe para saciar a sede high-tech dos produtores, mostrando cenas inéditas de uma casa que voa pelo espaço, não importando o "como" nem o "por quê" disso acontecer.

As duas histórias, baseadas nos livros do escritor Chris Van Allsburg, mostram jogos de tabuleiros mágicos, que transformam em realidade os desafios propostos aos protagonistas. A filosofia de ambos roteiros é a mesma: "Começou o jogo? Agora termine! Por que essa é a única maneira de desfazer as maluquices que as brincadeiras propõem". Brincadeiras essas que, teoricamente, podem matar.

Não li os livros e, por isso, não posso afirmar se o diretor Jon Favreau seguiu a risca a história desse segundo conto, mas caso o tenha feito, tenho a impressão de que Van Allsburg não teve muita originalidade ao recriar a fórmula de sucesso do seu antigo Jumanji. Tudo continua igualzinho lá: casa velha onde está escondido o tabuleiro e crianças insatisfeitas com pais separados. Também há o resgate de uma pessoa presa em um antigo jogo não terminado (com uma pequena diferença nessa versão, porém não muito bem explicada ao espectador).

Em Jumanji, estrelado por Robin Williams e a iniciante Kirsten Dunst (a Mary Jane do Spider-Man), os estragos realizados com o jogo não tinham limites de alcance. A cidade inteira (e por que não dizer o mundo) poderia sofrer com os desafios impostos e improváveis aos heróis, como um estouro de animais selvagens ou um dilúvio. Já em Zathura, interpretado em suma por Josh Hutcherson e o caçula Jonah Bobo, os impactos ficam restritos dentro da casa que, após apertar o botão inicial, é levada para fora da Terra, onde cometas, aliens reptilianos, robôs e astronautas farão parte desse universo. Mesmo sem a lógica de se respirar oxigênio no espaço sideral, esse cenário "mais perigoso" mostra-se uma agradável surpresa.

Mesmo com a chance de explorar melhor as lacunas deixadas em Jumanji, Allsburg se limitou em seguir a velha receita (ou seria culpa do diretor?). A exemplo do que não foi feito e que poderia ser o diferencial: o que aconteceria se um dos jogadores morresse? Como cada jogada deve rigorosamente respeitar a ordem dos participantes (primeiro um, depois o outro), como seria possível terminar o jogo e desfazer essa tragédia?

Aliás, falta de inovação não é o único problema, e sim, a falta de estruturas básicas da história. O filme começa e termina com a mesma velocidade com que as cartas são retiradas do jogo. Em Jumanji, apesar de simples, ao menos mostra-se a origem e o destino que é dado ao tabuleiro "maldito" (com uma possível brecha para uma continuação no final) e aos protagonistas. Agora em Zathura, isso não importa. O jogo simplesmente aparece do nada na casa e por lá fica. Contudo, será mesmo que isso não importa ao publico mais exigente?

Regado de reviravoltas e atores carismáticos, Jumanji era mais coerente e lógico, atraindo não só os jovens, mas os adultos também, justamente por ter mais adultos interpretando na trama. Robin Williams estava realmente perfeito e parte do sucesso da obra, foi devido ao seu carisma. Zathura pereceu de alguém assim...

O fato é que Zathura é mais infantil, o que já dá uma "esnucada" no tipo de publico ao qual se dirige: crianças. Colocar apenas atores-mirins como protagonistas de filmes nem sempre é uma boa saída, pois tira-se um pouco da sensação de veracidade as cenas. Está certo, sabemos que nunca vai existir um tabuleiro mágico, mas também não é preciso exagerar com os meninos prodígios capazes de qualquer coisa.

Um pouco mais de ousadia, aliado ao bom senso, não fariam mal a ninguém. ;)

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King Kong

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Qualquer mortal, com um mínimo de conhecimento na sétima arte, já ouviu falar sobre a história do famoso King Kong. A premissa básica da lenda é essa: macaco gigante, de origem desconhecida, conhece garota loira bonita, se apaixona (se que é podemos chamar de paixão) e acaba morrendo no alto de um prédio, após levar a donzela até lá. O grande desafio dessa nova versão é: como manter a atenção da maioria dos espectadores que já conhecem o final da história? Peter Jackson, embalou o que Cameron fez em Titanic: apostou no romance e nos sentimentos. Como estamos falando do diretor da saga dos Senhor dos Anéis, não espere nada menos que um filme de 3 horas de duração, regado de cenas em câmera lenta, focando os olhares e ações principais de cada personagem.

Parte da graça dessa nova versão, estão nos efeitos especiais, os quais são muito bem elaborados, em especial o grande Kong, que possui detalhes perfeitos nos pelos e na sua movimentação de primata. Os cenários ficaram bem elegantes e retratam desde selvas antigas até uma Nova York dos anos 30, durante o período da depressão das bolsas de valores.

Durante os longos 40 minutos iniciais, conhecemos o cineasta fracassado, Carl Denham (Jack Black), que decide fazer um filme numa ilha misteriosa, a ilha da Caveira, por conta de um mapa que ele descobre, sabe-se lá onde. Seu papel de "ganancioso egoísta" ficou perfeito, sempre bolando planos surreais, para enriquecer e ficar famoso. Antes de embarcar no navio, consegue convencer uma jovem atriz, Ann Darrow (Naomi Watts), a fazer o papel principal de um filme de romance náutico, com cenas em Cingapura (uma mentirinha como incentivo). Desempregada, morta de fome e sem rumo, a loirinha é impulsionada mais ainda a aceitar o emprego (com aventura inclusa), após saber que o dramaturgo Jack Driscoll (Adrien Brody, o narigudo horrível de O Pianista) vai roteirizar o filme. Óbvio que os dois fariam o par romântico do longa.

Esse começo Titanic, com direito a uma cena de quase-catástrofe do navio chegando no vale perdido, é interessante, porém cansativo. Por um momento, enquanto o capitão tentava "estacionar" o barcão entre os rochedos, me perguntei se estava mesmo vendo o filme do King Kong, por que o dinheiro empregado só nessa cena foi alto. Ganha de 10 em filmes só dedicados ao mar (Tormenta, por exemplo).

Se o começo enrolado, apresentando os personagens, e o final sem suspense, com a morte inevitável do macacão, não empolgam tanto, o miolo do filme, rodado na selva, vale a produção inteira. A diversão inicia-se ao chegar na ilha! Os personagens são jogados na pior experiência de suas vidas. Ao adentrar nesse lugar, são recebidos por nativos nada amistosos, que capturam a Ann e a oferecem como sacrifício vivo, ao Torê Kong, apelido que eles deram ao King Kong. A tribo, apesar de assustadora, é só a ponta do iceberg, do que a selva reserva de sustos para a patrulha que parte em resgate da moça. Dinossauros, aranhas, formigas e insetos gigantes, abrem um universo fenomenal, nunca antes explorado dignamente com o Rei Gorila.

Tenho a impressão de que Peter Jackson queria jogar na cara do Spilberg, como se deve fazer filmes com dinossauros. Jurassic Park, foi realmente um ótimo longa, mas suas continuações não agradaram, e King Kong, mostra o que muita gente queria na saga do Jurassic, ver dinos sendo estraçalhados por balas e morrendo sem dó. Só correr de velociraptors é divertido, mas enjoa. O famoso Kong nos presenteia com umas das cenas mais bacanas dos cinema nos últimos anos, onde luta com 3 Tiranossauros Rex ao mesmo tempo. Além disso, temos a chance de ver os herbívoros morrendo também, com os Alossauros caindo num abismo fenomenal. E como se os dinos não bastassem, ainda veremos os viajantes caindo dentro de um verdadeiro formigueiro. Cenas não recomendadas para crianças!

Depois de muito corre-corre e marmeladas aceitáveis - afinal se você já comprou a idéia de existir tal ilha, também vai aceitar o fato dos heróis se salvarem dela - o diretor de filme Carl, tem a "infame" idéia de nocautear o gorilão e leva-lo junto até a cidade para ganhar uma graninha (relembrando Jurassic Park 2). Como ponto negativo, não veremos como eles levam amarrado o Kong, dentro do barco, o qual por sinal já nem saia direito do lugar por conta do peso. Depois de serem obrigados a jogar quase tudo fora, com exceção das batatas, eles decidem levar esse monte de toneladas abordo? Vai entender...

De volta a Nova York, o macaco vira atração de teatro e como de praxe, ele consegue escapar para destruir a cidade, coisa que Stay Puf (Caça-Fantasmas), Godzila e os monstros dos Power Ranges, estão acostumados a fazer. Não há muita novidade nesse tipo de perseguição desenfreada do primata.

A seguir, o filme já não tem mais tanta emoção, pois como já dito, sabemos precipitadamente o destino infeliz que o gigantão terá. O interesse que nos motiva, é ver o Kong brincando com a estrela principal, afinal ele aprendeu a gostar da moça. Não sabemos se é um amor de irmão ou sexual, mas o fato é, ele a ama, e ela também. Prefiro acreditar em um amor como de um animal de estimação (e nesse caso, a menina que era o seu mascote). Para enfocar o sentimentalismo do bicho, grande parte das cenas são apresentadas no formato de "closes" no rosto do gorila. Você quase chega a chorar com tamanho realismo.

Para finalizar, a cena final onde o King sobe o edifício de Manhattan, para fugir do exército que quer matá-lo, mostra uma perspectiva diferente desse épico. A cena é rodada durante o crepúsculo, o que nos dá um colorido muito bonito para a cena, lembrando os prédios de Homem-Aranha. Nas versões antigas, o ápice rolava durante a noite, e acredito que era para facilitar os orçamentos dos efeitos especiais do Gorila. Mas convenhamos, Jackson não precisava poupar verba nisso ;)

Esse novo King Kong resgatou o que há muito tempo eu não sentia no cinema: emoção e sustos sinceros. Não vi a obra original, então não posso avaliar o quanto foi modificado. Só sei que Jackson conseguiu garantir a perpetuação da lenda desse macaco por muito mais décadas a frente.

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Irmãos Grimm, Os

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Assistir filmes com amigos definitivamente não combina com críticos de cinema (e olha que eu nem critico sou). Mas acontece que até mesmo um bom filme, com um roteiro interessante, pode virar piada e cair para a palhaçada, se você estiver ao lado de gênios do improviso como são meus companheiros cinéfilos. Um cena mal inserida na trama é o suficiente para destronar qualquer produção.

Os irmãos Grimm (The Brothers Grimm, 2005) conta a lenda de dois irmãos (não, jura?), Wilhelm e Jacob Grimm (respectivamente Heath Ledger e Matt Damon) que ganham a vida como caçadores de monstros e fantasmas em uma França antiga. O que ninguém sabia, pelo menos até os 15 minutos iniciais do longa, é que os dois exterminadores não passavam de trambiqueiros, cujas aberrações capturadas eram suas próprias invenções. Com a ajuda de mais dois gaiatos, o grupo simulava aparição de bruxas, ogros e lobos nos vilarejos próximos e cobravam "pequenas quantias" pela purificação do lugar (alguém se lembrou de Os Espíritos, com Michael J. Fox?).

Tudo corre bem, até que algumas crianças começam a desaparecer de verdade e um general francês descobre a farsa dos irmãos. Ele os obriga a investigar o caso e resgatar os pirralhos, com a punição de morte para o descumprimento. O sádico torturador italiano, Cavaldi, pupilo do general, é enviado junto para garantir a empreitada, o qual mais atrapalha do que ajuda. Pra completar a turma, os dois conhecem uma jovem rancorosa na vila dos desaparecidos. A mulher logo mostra-se uma caçadora nata, bonita e sensual, tipicamente planejada para atrair atenção do publico e fazer o par romântico da trama.

Muitas referências de vários contos de fadas ajudam a montar a história, seja pela introdução que inicia com as palavras "Era uma vez...", pelos jovens capturados pela bruxa má, "Chapeuzinho Vermelho" e "João e Maria" ou, até pelos feijões mágicos do Wilhelm Grimm, o único que acredita em lendas. A própria bruxa (Mônica Bellucci) seria na verdade a Rapunzel, só que esquecida na torre, e que agora deseja voltar a vida com o sacrifício de lindas criancinhas.

O início meio maçante, transforma-se em uma aventura a lá "Jumanji" ou "Desventuras em Série", quando todos partem dentro de uma floresta maligna. Entretanto, concluindo a tese de que assistir filmes com amigos é garantia de risada e esculacho, bastou um ridícula cena de um monstro Bolacha, totalmente descartável, para o filme ser depreciado (com direito a um "vai tomar no cu"), e eu ter outra visão do espetáculo. Uma visão bem cômica rs

Coincidentemente, para azar do diretor Terry Gilliam, a heroína caçadora chama-se Angélica, e até mesmo uma das meninas raptadas tinha o nome de Sasha. Pronto, referências a Luciano Szafir e a bruxa Baratucha do Chapolim Colorado, tornaram previsíveis qualquer suspense que ainda existisse. No final "OMO mostra, OMO faz" descobriu-se que os dois heróis eram na verdade Deby e Loyde, merecidamente por nenhum dos dois ficarem com a boazuda. E depois ainda dizem que "Todos viveram felizes para sempre".

Ah, tenha santa paciência, Batman...;)

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Gigolô Europeu por Acidente

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Gigolô Europeu por Acidente, veio ao mundo com o mesmo objetivo que toda continuação faz: tentar ganhar mais alguns trocados com a fórmula antiga, mas infelizmente escorrega de cara e não digere bem.

Se o primeiro filme apelava para um humor negro, com mulheres para lá de estranhas, ainda mantinha um clima agradável e você torcia para o trapalhão conseguir se dar bem com seu par romântico. Posso estar enganado, mas o que levou muitas pessoas a assistirem ao filme original, foi o trailer que mostrava algumas sátiras com cenas do Matrix (que estava no auge e era moda mostrar os mesmos recursos). O bom disso é que as pessoas iam ao cinema unicamente esperando tais cenas (que não duram mais do que 5 minutos) e se deparavam com uma boa história. Um azarado limpador de aquários, Deuce Bigalow, após destruir a casa de seu patrão, é obrigado a aceitar um emprego de garoto de programa para pagar os estragos, antes que o dono da casa volte. Simples, com piadas sacanas, porém eficiente, uma vez que o filme possuía uma trilha sonora divertida e cenários 'praianos'.

Óbvio que para que o titulo dessa continuação fosse coerente, o protagonista deveria voltar a profissãozinha de gigolô de forma acidental, mas a história não convence. Natural que o jovem Bigalow estivesse solteiro para voltar a carreira pornográfica (afinal, um maridão apaixonado não voltaria, certo?), e por isso matam sua amada na seqüência, em um sinistro acidente com tubarões (?!)

A partir dai você já tem a idéia de que não terá o elenco original de volta, a não ser o próprio Dulce (Rob Schneider) e o menos provável, T. J. Hicks, o negro cafetão e porco do original. Com piadas pra lá de bizarras e um humor com bestialidades, tudo fica mais pesado e sem graça na trama.

O herói vai a Amsterdã tirar umas férias e se depara com um país decadente, comandado por uma polícia corrupta, prostitutos, drogados e turistas americanos depravados (e odiados pelos nativos). Seu amigo T.J. se mete em encrenca e é acusado de matar alguns rufiões do velho continente. Para salvar o dia, eis que surge a imbecil idéia de Bigalow competir com os gigolôs locais e achar o verdadeiro assassino.

Esteja preparado para cenas escrotas como alguém que come batatas fritas de uma privada, ou mulheres 'monstras' que possuem narizes de pênis, furos no pescoço com voz robotizada, corcundas e orelhudas. Como de praxe, o mocinho encontra um par romântico (de novo) que tem algum tipo de problema. Dessa vez a loirinha tem tiques nervosos mongolóides, do tipo coçar o nariz quando ouve o som de uma sanfona (numa das cenas mais antas que eu já vi no cinema).

Esse é o cardápio que compõem Gigolô 2, que mostra-se muito distante da graça do original, sem possuir também um repertório de musicas atrativas. Nem a ponta que o Adam Sandler costuma fazer em todos os seus filmes, ajudou em algo. A única cena que merece destaque é a da participação especial do seu ex-patrão em um restaurante. Podre Bigalow, esperava mais de você.

Críticas

Efeito Borboleta

0,0

A história inicia-se com personagem Evan Treborn, um adolescente entrando desesperadamente em uma sala, colocando móveis na frente da porta e escrevendo uma carta bem tensa sobre o seu possível fim. Logo depois a história volta alguns anos, mais precisamente para quando Evan tinha apenas sete anos de idade. A partir daí, o filme desenvolve outros personagens e em várias situações que devem ser vistas com atenção, já que o roteiro revisa esses acontecimentos mais para frente, para juntar todas as peças do quebra-cabeça.

Durante a infância de Evan, descobre-se uma característica sua bem peculiar: sua falta de memória. A mente do menino simplesmente apaga alguns momentos de sua vida. O filme transmite isso durante o período dos sete aos treze anos de Evan, contando a historia de forma linear, porém com alguns cortes em cenas importantes, deixando o expectador sem saber o que aconteceu em determinados momentos.

Umas das cenas chave de toda a trama, trata-se da explosão da caixa de correios de uma casa: Evan, juntamente com seus amigos Lenny, Tommy e sua irmã Kayleigh Miller (paixão de Evan) decidem explodir com dinamite uma caixa de correios, mas alguma coisa sai errado. No primeiro momento não se sabe o que aconteceu, justamente pela historia retratar a falta de memória de Evan e “cortar” essa cena. Depois com as recordações de Evan, descobre-se que a brincadeira se tornou uma tragédia, machucando uma senhora e um bebe.

Passam-se alguns anos e a vida de cada um desses personagens toma um rumo diferente. Após anos de terapia e a ajuda de um diário, Evan não tem mais perda de memória e passa justamente a lembrar o que aconteceu nesses períodos. Em uma dessas lembranças, Evan acaba percebendo um grande potencial: manipular o tempo através desses espaços guardados em sua memória. Essa “maldição” de manipular o tempo foi passada de geração por seu pai, que também tinha o poder, entretanto fora internado como louco já que ninguém acreditava nele.

Evan nunca deixou de amar sua ex-vizinha Kayleigh, e por isso ele resolve voltar à cidade onde cresceram para revê-la. O reencontro não sai como esperado e traz de volta problemas enterrados. Para tentar solucioná-los, Treborn começa a reler suas memórias, para voltar à sua infância mudar o que aconteceu.

Justamente quando essa manipulação temporal acontece pela primeira vez no filme é que tudo começa a embolar. A cada vez que Evan volta ao passado e altera alguma ação que ele não se lembrava que havia feito, todo o futuro muda. O problema é que a cada vez que ele altera esse passado, parece que alguma coisa ruim acontece, nunca ficando da maneira ideal para seguir a vida.

Apesar de ser uma ficção, o grande atrativo dessa historia está justamente no fato de falar sobre viagens no tempo, juntamente com a Teoria do Caos, explicando exatamente o que poderia acontecer com o chamado "efeito borboleta”, titulo do filme e que foi teorizado pelo matemático Edward Lorenz, em 1963.

A Teoria do Caos para a física e a matemática é a hipótese que explica o funcionamento de sistemas complexos e dinâmicos. Isso significa que para um determinado resultado será necessária a ação e a interação de inúmeros elementos de forma aleatória. Como exemplo, imagine na natureza a formação de uma nuvem no céu: ela pode ser desencadeada e se desenvolver com base em centenas de fatores que podem ser o calor, o frio, a evaporação da água, os ventos, o clima, condições do Sol, os eventos sobre a superfície e inúmeros outros. Para a maioria de nós, a soma de uma quantidade indeterminada de elementos, com possibilidades infinitas de variação e de interação, resultaria em nada mais do que um acontecimento ao acaso.

Pois é exatamente isso que os matemáticos querem prever: o que as pessoas pensam que é acaso mas, na realidade, é um fenômeno que pode ser representado por equações. Alguns pesquisadores já conseguiram chegar a algumas equações capazes de simular o resultado de sistemas como esses, ainda assim, a maior parte desses cálculos prevê um mínimo de constância dentro do sistema, o que normalmente não ocorre na natureza.

Os cálculos envolvendo a Teoria do Caos são utilizados para descrever e entender fenômenos meteorológicos, crescimento de populações, variações no mercado financeiro, movimentos de placas tectônicas, entre outros.

A Teoria do Caos é conhecida há vários séculos e está representada na sabedoria popular:

•Por falta de um cravo, perdeu-se a ferradura;

•Por falta de uma ferradura, perdeu-se o cavalo;

•Por falta de um cavalo, perdeu-se o cavaleiro;

•Por falta de um cavaleiro, perdeu-se a batalha;

•Por falta de uma batalha, perdeu-se o reino.

O resultado de uma condição inicial sujeita à pequenas variações é completamente diferente do original. Nesse folclore, é o mesmo que dizer que por falta de um prego se perdeu o reino. Apesar de os efeitos da Teoria do Caos estarem tão presentes no nosso dia, como na meteorologia, na irregularidade da pulsação cardíaca, no gotejar de uma torneira, no relampejar, nas montanhas, nas árvores, no crescimento de uma população, no partir de um copo no chão e por aí fora, esta começou a ser estudada apenas há alguns anos, talvez porque antes, sem recurso a computadores, os cálculos necessários, que são bastante repetitivos, fossem demasiado aborrecidos.

A primeira verdadeira experiência sobre o caos foi feita por um meteorologista, Eduard Lorenz. Nas suas previsões sobre o tempo, geradas através de um programa de computador que tinha desenvolvido, constatou que, mesmo introduzindo grande parte da mesma seqüência no padrão original, o resultado final era diferente. Esse efeito ficou conhecido como “efeito borboleta”. A diferença entre os pontos iniciais de duas curvas distintas é tão pequena que é comparada ao bater das asas de uma borboleta. E o simples bater das asas de uma borboleta, hoje, produz uma pequena alteração na atmosfera que pode, num determinado espaço de tempo, produzir um efeito diferente do que iria acontecer. Diz-se que o bater das asas de uma borboleta em Portugal pode provocar um tornado na China, ou fazer com que um tornado na Flórida não aconteça.

Como aprendizado nesse filme, pode-se dizer que pequenas ações hoje (e aparentemente insignificantes), podem influenciar grandes resultados em um futuro. Diferente de Evan, que não planeja muito bem suas atitudes, gerando efeitos inesperados, as pessoas precisam ter consciência dos seus atos e suas conseqüências, seja em qualquer aspecto: familiar, profissional ou ambiental (tome como o exemplo, o problema do aquecimento global no planeta). Não podemos viajar no tempo para mudar as coisas, nem prever com certeza o futuro, mas podemos, ao menos, tentar escolher o caminho mais certo.

Críticas

Zombie

0,0

O filme já começa repentinamente com um homem misterioso atirando na cabeça de um desconhecido envolto em um lençol.

Daí, os créditos com o nome do filme aparecem e a cena corta para um belíssimo enquadramento de NY vista de longe, com as (ainda de pé) Torres Gêmeas.. Um barco à deriva navegando sem destino e uma música calma, bastante agradável que, em poucos minutos, serviria de contraste ao primeiro momento verdadeiramente nojento do filme e que já nos dá uma breve noção do que está por vir.

Incrível o quanto o Fulci é simplesmente genial por fazer um filme tão grande com tão pouco, afinal o elenco de protagonistas, com exceção do Dr. Menard (Riichard Johnson), é de fazer vergonha de tão ruim (e o orçamento que não foi dos melhores). Mas isso é realmente insignificante aqui.

O que interessa mesmo são os demais detalhes de sua obra. A trama é simples e vaga, como de costume no horror italiano (salvo algumas exceções aqui e ali – Romero, a exemplo), mas a direção segura é um dos pontos mais fortes do longa, ao lado do apuro estético (outra característica dos filmes de horror italianos –o cinema no resto do mundo nunca usou tão bem as cores em filmes), com destaque à caracterização dos zumbis. Diferente dos de Romero (quer queira ou não, ele é o referêncial para esse tipo de análise), que eram apenas pessoas com maquiagem azul ou branca no rosto, estes aqui se mostravam como cadáveres putrefatos. Isso, além de conseguir chocar mais o espectador com cenas bem mais nojentas, enriquecia o filme pela maior possibilidade de variar nas cenas. Em alguns momentos, temos zumbis normais, apenas com maquiagem pálida, outros bem mais 'estragados', com vermes nos olhos, alguns eram apenas esqueletos e outros faltando membros do corpo. Tudo feito do modo mais realista possível.

Algumas cenas são antológicas e merecem destaque aqui, como a do morto-vivo lutando contra um tubarão (!!!) no fundo do mar e a mais arrepiante e tensa do filme:

Outro grande feito do filme é a sua trilha 'enxuta'.

As cenas são embaladas pelo silêncio e aos poucos (e somente quando necessário), a música entra, diferente dos infames filmes de terror atuais, onde a cada 5min empurram um agudo pra 'dar um susto' (sabe, né? O cara tá ali pra abrir uma porta e 'DÃÃÃÃÃÃÃÃÃ!!!'.. E é apenas um amigo que deu um tapinha nos ombros!¬¬), coisa que figura na minha lista dos vícios mais irritantes dos filmecos de terror de hoje.

O maior exemplo da boa utilização da trilha é quando a esposa do Dr. Menard (vivida pelo belíssima Olga Karlatos) sai do banho e nota pelo espelho que há alguém na casa. Cuidadosamente se dirige ao banheiro e tenta, sem muito alarde, fechar a porta. Ela não consegue na primeira e continua empurrando. Nada demais, pelo menos por uns 10 segundos, quando a música sinistra 'cresce' aos poucos e percebemos que o real motivo dela não fechar a porta é que há alguém do outro lado a impedindo (alguém lembrou de Michael Myers?) e, nessa hora, a tensão começa a embalar, alcançando o ápice na cena mais angustiante do filme: após encurralada no banheiro, ela luta para fugir mas é agarrada por um dos zumbis e puxada lentamente pelos cabelos. O clímax da cena é quando seu olho direito está prestes a ser perfurado por uma estaca de madeira. Uma cena de fazer qualquer um se arrepiar ... E muito bem feita (dá pra sentir a dor do olho sendo varado e arrancado)..

Outra sequência fantástica, é a dos mortos se erguendo de seus túmulos, em pleno cemitério. Cena muuito bem feita, extremamente genial. Ademais, é a tradicional correria de sempre, culminando num embate direto na igreja, onde tacam fogo nos mortos (aliás, bem feitíssima as cenas dos zumbis caminhando lentamente mesmo com os corpos em chamas). Nem o fato de terem usado o mesmo plano da explosão umas 50 vezes seguidas diminui o momento (na verdade, até pode entrar como mérito, uma vez que demonstra a versatilidade do Fulci diante das limitações ao seu trabalho).

Para completar, o filme passa um contraste belíssimo da floresta agitada e sombria à noite partindo ao mar calmo durante o dia. Os protagonistas ligam o rádio e ouvem as notícias da invasão à NY.

E a cena mais 'bela' do filme: os mortos-vivos caminhando lentamente pela Ponte do Brooklin enquanto os carros passam por baixo, ao som da trilha sonora (que música fudida da porra ... ADOREI) e o carinha berrando no rádio "Atenção! O perigo é real! Tranquem suas portas e aguardem por.. Hum? O que? Ah, não! Eles entraram! Aaaaaahh ....".

Fulci, dois anos após, ainda faria aquela que é sua obra-prima definitiva: The Beyonder (aqui no Brasil, com o título ridículo de Terror nas Trevas), um filme denso, de atmosfera insana e angustiante, dos mais brilhantes já feitos com na história do horror, fazendo frente até mesmo aos grandes clássicos do Romero (entenda “grandes clássicos” como os dois primeiros ”... Of The Dead”), Argento e Bava (só para citar - novamente - os mais importantes).

Mas é um crime ignorarmos a importância desse que é indiscutivelmente um dos melhores e mais revolucionários filmes de horror já feitos.

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