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Chadwick Boseman morre aos 43 anos


A comunidade cinéfila foi pega de surpresa com a triste e súbita morte do ator Chadwick Boseman, aos 43 anos. O ator enfrentava desde 2016 um câncer de cólon, falecendo no dia 28 de agosto de 2020 devido à complicações. Apesar da aparente perda de peso em uma aparição recente levantar suspeitas, o ator não chegou a divulgar ao público a luta pela qual passava em sua vida pessoal.

Boseman nasceu em 29 de novembro de 1976 em Anderson, Carolina do Sul, filho de uma enfermeira e um operário têxtil. A vocação para as artes já aparentava desde cedo: escreveu e apresentou a peça Crossroads, motivada pela morte de um amigo devido à violência de armas de fogo. Depois, se mudou para Washington D.C. e obteve bacharel em artes plásticas na Faculdade Howard. Com a ajuda da professora Phylicia Rashad (atriz de The Cosby Show e Creed: Nascido Para Lutar), conseguiu reunir fundos para  estudar na British American Drama Academy em Londres e voltando aos EUA para morar no Brooklyn, se formou na Academia Digital de Cinema de Nova York, com sonhos inicialmente de se tornar roteirista e diretor, mas logo passou a se focar na carreira de ator. 

Entre os primeiros papéis que conseguiu estiveram em seriados televisivos como The Third Watch, Law & Order, CSI: New York e Plantão Médico e em 2008, participou de seu primeiro longa-metragem, No Limite, a História de Ernie Davis e conseguiu um papel regular na série Persons Unknown. Em 2013, conseguiu seu primeiro papel no cinema como protagonista: 42 - A História de uma Lenda, onde viveu Jackie Robinson, o primeiro jogador negro a participar da Principal Liga de Beisebol estadunidense. Boseman venceu 25 outros atores e já pensava em desistir de atuar, se concentrando na peça off-Broadway que estava dirigindo, mas o diretor Brian Helgeland (vencedor do Oscar de Roteiro Adaptado por Los Angeles - Cidade Proibida) gostou da coragem do ator, que fez o teste de elenco duas vezes.

O papel abriu portas para Boseman: no ano seguinte, atuou com Kevin Costner em A Grande Escolha e ganhou um papel importante como protagonista de cinebiografia: James Brown, no filme homônimo, produção de Mick Jagger conduzida por Tate Taylor (Histórias Cruzadas). Boseman performou todas as danças e algumas das canções do Godfather of Soul, mas o filme teve apreciação mista, apesar de sua performance no papel principal ser elogiada. No mesmo ano, a Marvel renovava o contrato com Robert Downey Jr. aparecer como Homem de Ferro na nova fase do seu Universo Cinematográfico e Chadwick entrou no radar. Em 2015, começou a namorar a cantora Taylor Simone Ledward, com quem se casaria em 2019.

2016 foi o ano que sua carreira começou a decolar em matéria de grandes projetos: atuou como o deus Tot em Deus do Egito e pareceu pela primeira vez em Capitão América: Guerra Civil como T'Challa, príncipe da nação africana de Wakanda que se tornará o Pantera Negra. Foi também o ano em que descobriu a doença da qual acabaria padecendo. Em 2017, demonstrando a vocação para personagens biográficos, apareceu como protagonista em Marshall: Igualdade e Justiça, sobre Thurgood Marshall, o primeiro negro a integrar a Suprema Corte americana. 

Em 2018, Chadwick tem o ponto alto da sua carreira quando é lançado o filme solo do Pantera Negra, dirigido por Ryan Coogler (Creed - Nascido Para Lutar) que se torna o filme de super-heróis mais lucrativo até então, aclamado pela crítica especializada e se tornando um dos grandes destaques da década da representatividade negra no cinema. No agredgador Rotten Tomatoes, chega a superar o clássico recente Batman - O Cavaleiro das Trevas, e a apreciação veio na forma de sete indicações ao Oscar, com três vitórias em 2019 e a conquista do prêmio de Melhor Elenco em Cinema no SAG Awards. 

Chadwick reprisaria o papel de T'challa nos dois últimos filmes coletivos da Marvel, Vingadores: Guerra Infinita e Vingadores: Ultimato. A parceria com os irmãos Russo (que o dirigiram em três das quatro aparições suas no MCU) se mostrou fortuita, e Joe e Anthony produziriam ainda em 2019 Crime Sem Saída, um filme policial onde Boseman atuava como um intrépido investigador desbaratando um caso de corrupção policial. 

O último filme que Boseman viu ser lançado em vida foi Destacamento Blood, onde foi dirigido pelo gênio do cinema Spike Lee (Faça a Coisa Certa, Infiltrado na Klan) em um filme sobre veteranos da Guerra do Vietnã em busca dos restos mortais do seu capitão no país asiático. Ele ainda deixou completados um trabalho de voz na série de animação da Marvel What If?, que imagina realidades alternativas, e Ma Rainey's Black Bottom, onde atuou ao lado de Viola Davis (How To Get Away With Murder) a partir de texto do dramaturgo August Wilson (Um Limite Entre Nós), mas infelizmente não conseguiu terminar seu próximo projeto, Yasuke, que contaria a história do primeiro samurai negro, onde seria dirigido por Doug Miro (Narcos) e Gregory Widen (Anjos Rebeldes).

Pantera Negra 2, originalmente marcado para maio de 2022, agora está com futuro incerto, mas mesmo que o estúdio já tenha substituído Edward Norton por Mark Ruffalo em O Incrível Hulk e Terrence Howard por Don Cheandler como o Máquina de Guerra, fãs já pedem para que Boseman não tenha substitutos.

A comunidade artística manifestou sua dor em peso: desde os companheiros de MCU Kevin Feige, Tom Holland, Chris Evans, Mark Ruffalo e Brie Larson, entre outros, passando por ícones do cinema como Sharon Stone, Kevin Smith, Mark Hammill, Jamie Foxx e até artistas brasileiros como Lázaro Ramos, IZA, Glória Groove e outros lamentam a passagem do astro que impactou tantos e tão pouco tempo e agradecer por entregar projetos que tornaram a representativide no cinema um motivo de orgulho. Wakanda Forever!

Comentários (2)

Marcelo Queiroz | domingo, 30 de Agosto de 2020 - 20:18

Enorme perda. Ator tão jovem, com tanto a fazer pela frente, infelizmente partiu. Mas que sempre lembremos do #WakandaForever.

Rodrigo Cunha | domingo, 30 de Agosto de 2020 - 21:52

Acredito que era o ator mais importante dessa geração, por ser bom e pelo que ele significa. Que descanse em paz, perda inestimável.

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