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Os festivais mineiros que sacodem o país

Como todos nós sabemos, o circuito de exibição nacional ainda é muito deficiente e precário, talvez por isso nosso cinema ainda consiga menos representatividade numérica do que poderia alcançar, tendo em vista que não é um lazer disponível para todos. De acordo com números recentes, divulgado pelo IBGE em 05 de dezembro, no ano passado, ir ao cinema só era possível em 10% dos municípios do Brasil. Além disso, 39,9% das pessoas moravam em cidades sem, ao menos, um cinema. Ainda de acordo com o levantamento, 43,8% das crianças e adolescentes até 14 anos estão em cidades sem salas de exibição.

Ainda que esses números sejam tristes e preocupantes, o país tem pelo menos algo a se comemorar. Segundo divulgado recentemente pela ANCINE - Agência Nacional de Cinema, atualmente o Brasil conta com cerca de 200 festivais de cinema espalhados por todas as regiões do país, em cidades às vezes com nenhum recurso cinematográfico e seriam esses festivais os únicos momentos e oportunidades que suas populações teriam de ver nossa arte retratada na tela, e criar com isso uma cultura cinéfila pelo próprio cinema. 

Em Minas Gerais, a Universo Produção levam o Cinema sem Fronteiras até duas cidades históricas que infelizmente não tem acesso ao cinema senão de outra forma: o Cine OP - Mostra de Cinema de Ouro Preto, e a Mostra Tiradentes de Cinema, que contribuem com a malha nacional de eventos prestigiados, duas das mais importantes e relevantes e com propostas distintas e abrangentes, além de abrir a alta qualidade do cinema feito hoje no país a duas cidades carentes de telão. 

Conforme destaca Raquel Hallak, coordenadora Geral da CineOP e a Mostra Tiradentes, ““o Brasil tem um dos mais importantes e diversificados circuitos de festivais do mundo. Exibir filmes gratuitamente para a população é uma oportunidade de acesso, de aproximação, da produção cinematográfica com o público”.

Os números do Cine OP em 2019 foram cada vez mais amplos, beneficiando 15 mil pessoas durante sua semana de exibição, que abre um cinema que infelizmente não funciona há 3 anos (o Cine Villa Rica) e a Praça Tiradentes recebe um telão capaz de abrigar até 500 pessoas em suas sessões. Além de filmes inéditos, a CineOP realiza mostras especiais com produções que marcaram a história da sétima arte no Brasil e apresenta projetos e curtas produzidos em ambiente escolar, fazendo a conexão entre cinema e educação.

Já a Mostra de Cinema de Tiradentes, que será realizada na cidade histórica localizada na região do Campo das Vertentes entre 24 de janeiro e 01 de fevereiro, chega à 23ª edição consolidada como maior plataforma de lançamento do cinema brasileiro contemporâneo, além de também ser a maior lançadora de novos nomes no mercado por abrigar a competição Aurora, restrita a cinema de novos realizadores. 

 O município mineiro não tem cinema, mas durante o evento recebe uma infraestrutura com quatro espaços de exibição: o Cine-Praça, no Largo das Fôrras (espaço para mais de 1.000 espectadores); o Complexo de Tendas, que sedia a instalação do Cine-Tenda (com 600 lugares) e o Cine-Lounge (500 pessoas); e o Cine-Teatro (com plateia de 120 lugares), que funciona no Centro Cultural Sesiminas Yves Alves. A Mostra de Cinema de Tiradentes também estimula a movimentação econômica da cidade. Tiradentes tem sete mil habitantes e recebe ao longo dos nove dias do evento cerca de 35 mil pessoas, exibindo mais de 100 produções por ano, entre curtas e longas, lançamentos e sessões especiais na Praça.

A necessidade de repensar todo o circuito cinematográfico nacional, ampliando sua malha em quantidade e principalmente chegando até lugares onde não há qualquer entrada e aproximação das políticas públicas para que não apenas durante 10 dias do ano essas cidades sejam agraciadas com sessões de cinema, uma preocupação social que deveria ser de qualquer administração e que poucos governos se interessam em promover mudanças. A Universo Produção, no entanto, faz a sua parte em divulgar e promover o melhor do nosso cinema e torná-lo acessível a cidades que, hoje, são entusiastas do grande material que é produzido nos país. 

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