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Robert Pattinson: "Atores só usam O Método quando agem como babacas"

Robert Pattinson é um caso incrível de transformação em Hollywood. O jovem Cedric Diggory de Harry Potter e o Cálice de Fogo, ridicularizado após seu trabalho na sofrível Saga Crepúsculo, ressignificaria sua carreira com personagens e filmes desafiadores. E não para por aí. Nos tabloides, a postura discreta do ator diante do atribulado término de namoro com Kristen Stewart também foi exaltada. Assim como são as suas declarações em geral quando entrevistado.

Um destes casos foi sua entrevista para a série Actors on Actors da Variety, com Jennifer Lopez. Discutindo seu (elogiado) trabalho no drama de horror O Farol, Pattinson revelou os desafios psicológicos de viver um personagem que afunda rumo à loucura. "Foi um tipo de papel sem limites, algo de que sempre gosto muito", ele diz, lembrando a dificuldade do que vivia no set. "Nós fazíamos essas cenas completamente selvagens e então, depois de literalmente uma tomada, ficávamos exaustos. É algo catártico. Eu não sei se seria possível levar um papel desse para casa. Seria impossível!".

O ator britânico aproveita essa deixa para opinar sobre algo polêmico: o "Método", técnica de interpretação aprimorada por Lee Strasberg (numa adaptação do sistema de representação de Constantin Stanislavski) em que os atores incorporam as experiências de seus personagens à sua vida real, de modo a desenvolver uma compreensão emocional e cognitiva de seus papéis. Em casos assim, é fundamental que os atores façam diferente de Pattinson e levem seus personagens atormentados para casa — a despeito dos problemas que isso venha a causar. Por isso, ele disse:

"Eu sempre digo sobre as pessoas que usam o método de atuação, que você só vê as pessoas fazerem O Método quando estão agindo como babacas. Você nunca vê alguém ser amável com o outro quando mergulham fundo no personagem", disparou Pattinson, que teve a anuência de J.Lo. "Eu percebo que alguns atores mais jovens sentem que precisam ficar dentro do personagem o tempo todo. Como eu faço filmes há muitos anos, eu mal posso esperar pelo fim do dia e deixar isso para trás, ir pra casa, tomar um banho e literalmente me lavar disso tudo", disse ela, referindo-se ao personagem. 

Apesar da forte crítica, e da ressalva contida em sua opinião, Robert Pattinson diz que respeita o Método. Então, citou o ótimo filme Bom Comportamento, dos irmãos Safdie, como um exemplo em que viu de perto os benefícios e desvantagens dessa imersão no personagem: "Um dos diretores interpretava o meu irmão no filme, e ele conseguia ficar no personagem o dia todo. Mas ele é a única pessoa que eu já vi ser capaz de fazer isso. É muito impressionante, mas também meio louco", declarou, rasgando elogios ao trabalho de Benny Safdie.

O Método é muito popular em Hollywood desde os anos 50, quando Marlon Brando (Sindicato de Ladrões), Montgomery Clift (A um Passo da Eternidade), James Dean (Juventude Transviada) e, principalmente, Marilyn Monroe (Quanto Mais Quente Melhor) o difundiram na indústria. Dentre os seus maiores entusiastas em atividade, destaque para Robert De Niro (Taxi Driver), Al Pacino (Scarface), Jack Nicholson (Um Estranho no Ninho), Hilary Swank (Meninos Não Choram), Natalie Portman (Cisne Negro), Christian Bale (O Operário) e Jared Leto (Clube de Compras Dallas). Um dos casos mais chocantes de imersão no personagem foi Heath Ledger como o Coringa de Batman - O Cavaleiro das Trevas.

Comentários (15)

Luís F. Beloto Cabral | sexta-feira, 22 de Novembro de 2019 - 15:01

Mas não pense que você me atinge bonitão, porque eu já to muito vacinado com clichês como você e tenho minha consciência tranquila quanto a conseguir ver que o mundo é muito mais complicado do que os idólatras e os problematizadores gostariam que fosse. E de minha parte pelo menos eu encerro agora o nosso papo.

P.S.: Nunca vi Antes do amanhecer e acho broche e camiseta de Che Guevara muito brega.

Ted Rafael Araujo Nogueira | domingo, 24 de Novembro de 2019 - 19:09

Quanta baitolagem.

O problema não é o método. Nunca foi. Mas o usufruto dado a ele por determinadas figuras. Ponto. Eu achei frescura o choramingo todo vinculado a isso como se tudo fosse criminoso. Estamos na época do choro mesmo, e quem não chora junto já é taxado de escroto e insensível. Aí dentro. Cagamento de regra é de lascar.

Ted Rafael Araujo Nogueira | domingo, 24 de Novembro de 2019 - 19:12

É tu culpar o Karl Marx pelo governo stalinista, se formos pra seara política.

É pra ter espaço pra todas as técnicas possíveis. Eu só tirei onda com a J.Lo por achar graça da anuência dela, não tendo feito papel nenhum que preste. Vi uma piada pronta. Só isso.

Ted Rafael Araujo Nogueira | segunda-feira, 25 de Novembro de 2019 - 19:10

Porque rotular é mais fácil que argumentar. Com o rótulo tu impõe uma classificação objetiva. Que seja intransponível e não verificável, já que a mesma é vendida com um conceito formado. Machista é pronto, misógino e pronto. E por aí vai. Isso abre um precedente perigoso que o campo progressista sempre se propôs a combater, o autoritarismo. Porém possui searas internas que agem desta maneira. Há de se compreender que isto ocorre pela existência de grupos historicamente vilipendiados, tais quais, negros, mulheres e homossexuais, o que acaba por trazer um radicalismo obrigatório a causa que sem ele as mudanças propostas passariam mais ainda ao longe.

Mas tudo tem um limite. O exagero e a permissão disso tudo descamba pra frescura deliberada. Como se tu jogasse uma pedra pra cima, e por obrigatoriedade ela cairia na cabeça de alguém. Não interessa onde jogue.

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