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A história sobre a versão de 4 horas de O Lobo de Wall Street

O anúncio de que O Irlandês terá 3 horas e meia deixou o público em choque. Parte ficou desconfiada, parte em êxtase. Se você é um desses fãs animados com a duração do thriller de gângsteres com Robert De Niro, Joe Pesci e Al Pacino, vale lembrar uma história envolvendo O Lobo de Wall Street. A rigor, o longa estrelado por Leonardo Di Caprio perde o posto de filme mais longo da carreira de Martin Scorsese em meia hora. Porém, a real é que a versão do diretor do drama sobre o mercado financeiro tem o contrário, meia a hora a mais.

Por muito tempo, Scorsese minimizou a existência dessa versão de 240 minutos de O Lobo de Wall Street. Em entrevista para o site GoldDerby em janeiro de 2014, o cineasta nova-iorquino disse que essa versão era mais ou menos um "assembly cut". Ou seja, um primeiro corte que reúne todo o material filmado, para que os artistas responsáveis assistam ao filme e tenham noção de todas as aparas necessárias para a obra ter o devido ritmo. De um modo geral, o rascunho a ser esmerado pelo editor do filme.

"Eu até acho que temos algumas cenas que podemos disponibilizar", disse Scorsese à época sobre a possibilidade de incluir cenas deletadas nos materiais home video. "Muito honestamente, a versão de 4 horas era apenas o primeiro corte. Quer dizer, agora Inês é morta, ele tinha 3 horas, cortes de 15 minutos, o primeiro corte, [mas] o filme em si tem 1 hora e 45 minutos. É tudo parte do processo de filmagem. Eu não acho que tenha alguma cena importante que eu tenha deixado. [Mas] nós fizemos mesmo algumas improvisações maravilhosas e cenas muito engraçadas que tivemos, digamos, que cortar, e eu realmente sinto falta delas."

Apesar de todo o esforço de Scorsese, sua editora de longa data Thelma Schoonmaker conta uma história diferente. A vencedora do Oscar por Touro Indomável, O Aviador e Os Infiltrados disse no mesmo ano de 2014, em entrevista ao The New York Times, que o tal "assembly cut" foi levado a estágios bem avançados de produção, como testes de audiência. Mais: segundo a montadora, a versão foi "muito bem" nesses testes e só não foi lançada nos cinemas porque "simplesmente não é praticável distribuir [um filme] assim". Fato, haja vista que O Lobo de Wall Street foi muito criticado por ter 3 horas.

Thelma Schoomaker explica, porém, o porquê de essa versão de 240 minutos ter ido tão bem entre os privilegiados que puderam assisti-la. "Um filme como Lobo é pensado para se estender. Marty queria que as coisas fossem um pouco além da conta nas cenas, algumas vezes, para testar a paciência do público. Afinal, é disso que o filme se trata", disse ela, afirmando que "as pessoas amaram" o filme mais longo.

Enquanto Scorsese tentava tirar a atenção dessa versão estendida, Schoonmaker falava e falava, trazendo os holofotes para o corte deixado na sala de edição. Ao HitFix, por exemplo, disse que o cineasta até pensou em fazer como Quentin Tarantino e dividir a obra em duas partes. "Nós pensamos nisso. Mesmo. Mas o filme não funciona dividido em dois. Ele precisa ter um arco. Mas nós realmente pensamos nisso, pode acreditar." 

Para apimentar ainda mais nossa curiosidade por essa versão, Thelma Schoonmaker confidenciou uma história de bastidor incomum: até os espectadores desses testes de audiência e executivos de estúdio que acharam a versão de 4 horas longa demais não faziam ideia do que poderia ser cortado do filme. Por isso, a editora decidiu não deletar sequência nenhuma; ela apenas diminuiu a duração de certos momentos.

O Lobo de Wall Street foi indicado a 5 Oscars, não ganhou nenhum, mas se tornou a maior bilheteria da carreira de Martin Scorsese no mundo: US$ 392 milhões. 

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