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Desenvolvimento da animação no Brasil passa pela união e sinergia

Por Marina Fraga*

Nos últimos anos, o mercado de animação no Brasil tem crescido a passos largos. Com o avanço da internet e a popularização do YouTube nas duas primeiras décadas deste século, criadores de conteúdo e estúdios de animação conseguiram viabilizar a produção e a distribuição de grandes marcas infantis, deixando para trás um cenário de dificuldades do setor e colocando em evidência a criatividade do brasileiro em um mercado, até então, dominado pelas animações estrangeiras.

Diante deste cenário e na contramão do tradicional modo "hollywoodiano" de demorada e onerosa produção de animações, o setor de audiovisual brasileiro desponta como um dos melhores e mais respeitados do mundo. Grandes agências brasileiras são responsáveis por selecionar animadores para a produções nacionais e internacionais. Produções como "O Menino e o Mundo", dirigido por Alê Abreu, estrelam festivais recebendo grandes prêmios pelo mundo. E é sabido que nossas raízes na animação remontam aos comerciais e vinhetas de televisão, que na época, com poucos recursos, se apoiavam na criatividade e na habilidade de artistas que mais tarde vieram a participar desses grandes sucessos infantis que se tornaram marcas clássicas.

Com a popularização da distribuição de conteúdo via streaming, alguns destes criadores brasileiros começaram a escutar e a entender melhor as necessidades do público, produzindo conteúdos que vão além do puro entretenimento e movimentando, em 2021, um mercado de mais de R$56 bilhões de reais, mesmo com as dificuldades enfrentadas pelo setor de produção cultural diante da pandemia de Covid-19.

Outro grande desafio foi entender como um conteúdo infantil que disputa audiência no YouTube poderia se tornar uma marca sólida no mercado, competindo com multinacionais. Grandes marcas infantis, como Patati Patatá, Mundo Bita, Galinha Pintadinha, 3 Palavrinhas, Turma da Mônica entre outras, encontraram na diversificação de negócio os meios para se estabelecerem como marcas tradicionais brasileiras. Seja na produção de conteúdo "edutainment"- que é a combinação das palavras education (educação) e entertainment (entretenimento) e que descreve a combinação de conteúdos educacionais com a utilização de ferramentas de entretenimento como filmes, jogos e outros, unindo o propósito educacional à diversão - seja na ampliação do negócio com o licenciamento de marca para produtos, show business, eventos e tudo que puder ser um ponto de contato com o público.

Isso nos traz aos dias de hoje, de pleno crescimento e expansão desse mercado no país. As marcas que nasceram de empresas que têm forte tendência à rápida adaptabilidade em mudanças de cenário, já se alinham ao aprimoramento de tecnologias como AI (inteligência artificial) que demonstra o quanto pode contribuir em agilidade e redução de custos na produção, dando aos criadores suporte desde a criação de textos até a finalização das animações.

Embarcar na tecnologia é uma das soluções, mas diante dos ganhos que vão desde a movimentação financeira, geração de empregos e vitrine internacional, também é necessário termos uma indústria de animação e audiovisual brasileiros uníssonos, como vemos em outros setores como o automobilístico e bancário, por exemplo. A organização de recursos em âmbito público e privado e todos os meios que fomentam esse mercado devem ser uma pauta compartilhada por todos.

A parte criativa deve estar aliada a uma estratégia voltada para branding, desenvolvimento de novos produtos e geração de valor para a marca, criando oportunidades de novos negócios. O Brasil tem um mercado consumidor amplo e diverso. É natural que essa organização traga um impacto positivo ainda maior, direto e indireto sobre a nossa economia.

Se a gente se organizar agora para construirmos um setor com uma só voz, acredito que o mercado de animação brasileiro tem tudo para continuar avançando e começar uma nova era de desenvolvimento.

* Marina Fraga é CEO da Oinc Filmes, startup dona das marcas infantis 3 Palavrinhas, Krozz e Missão Harpa.

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