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Veneza 2019 | Lucrecia Martel defende mostra com filme de Roman Polanski

O Festival de Veneza 2019 começou com uma polêmica nessa quarta-feira (28). Em entrevista coletiva, o diretor do evento, Alberto Barbera, e a presidente do júri, a cineasta Lucrecia Martel (Zama), foram questionados sobre a conturbada inclusão de Roman Polanski na mostra competitiva com seu novo filme, An Officer and a Spy. Eles defenderam a participação do artista — com ressalvas ao seu comportamento como pessoa. 

"Estou convencido de que devemos, necessariamente, distinguir o artista e o homem", disse Barbera, segundo o Deadline, sobre o  consagrado diretor e roteirista de filmes como O Bebê de Rosemary, Chinatown e O Escritor Fantasma, condenado pelo estupro de uma jovem de 13 anos nos anos 70. "A história da arte é cheia de artistas que cometeram crimes de naturezas diferentes, e ainda assim continuamos admirando suas obras de arte. O mesmo se aplica a Polanski, que, na minha opinião, é um dos últimos mestres ainda ativos no cinema europeu."

Lucrecia Martel foi em outra direção. A autora argentina enfatizou que "não separa o homem da arte", mas explicou que o caso de Polanski é mais difícil de julgar. "Um homem que comete um crime desse tamanho, é então condenado e a vítima se considera satisfeita pela pena, é [algo] difícil para eu julgar. É difícil definir qual é a abordagem certa que devemos ter com pessoas que cometeram certos atos e foram julgadas por eles. Acho que essas questões são parte do debate em nossos tempos."

Por fim, Lucrecia Martel deixou claro que não confraternizaria com ele — o que de fato aconteceu, tendo se recusado a participar do jantar com o diretor. "Eu não vou congratulá-lo. Mas acho correto que seu filme esteja aqui no festival. Nós temos que desenvolver nosso diálogo com ele e essa é a melhor forma de levar esse tipo de discussão adiante", disse Martel.

An Officer and a Spy apresenta um grande elenco formado por Louis Garrel, Jean Dujardin, Emmanuelle Seigner (esposa e musa inspiradora de Polanski), Denis Podalydès e Mathieu Amalric. Baseado em fatos reais, o thriller de espionagem é ambientado em Paris, 1884, e acompanha o drama do capitão Alfred Dreyfus — um raro judeu no exército francês acusado de alta traição após uma trama planejada por seus inimigos. Após a condenação do capitão à prisão perpétua no exílio, o investigador Georges Picquart decide seguir as pistas para desvendar o mistério por trás da condenação de Dreyfus.

Roman Polanski assina o roteiro ao lado de Robert Harris, autor do livro homônimo que An Officer and a Spy adapta e, assim, repetindo a ótima parceria do atmosférico suspense O Escritor Fantasma.

Comentários (1)

Walter Prado | sexta-feira, 30 de Agosto de 2019 - 18:45

Já estou salivando...

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