Saltar para o conteúdo

Notícias

Veneza 2019 | Pedro Almodóvar recebe Leão de Ouro honorário

O Festival de Veneza 2019 agraciou há pouco, nessa quinta-feira (30), o realizador Pedro Almodóvar com um Leão de Ouro honorário pelo conjunto de sua obra. Apontado pelo crítico de cinema e diretor do evento Alberto Babera como "o maior e mais influente" cineasta espanhol desde Luis Buñuel (O Anjo Exterminador), o diretor e roteirista nascido na pequena La Mancha recebeu a homenagem sem falsa modéstia e com o bom humor que lhe é peculiar.

"Trinta anos depois me dão o Leão de Ouro por um filme de 1988. É um ato de justiça poética", disse Almodóvar, na coletiva que antecedeu a cerimônia de premiação, referindo-se a Mulheres À Beira de um Ataque de Nervos. O filme estrelado por Carmen Maura, Antonio Banderas e Rossy De Palma empolgou o presidente do júri da ocasião, ninguém menos que o lendário Sergio Leone (Era Uma Vez no Oeste), e levou o prêmio de roteiro. Mas não o Leão de Ouro, nunca (até hoje). Assim como nunca ganhou a Palma de Ouro em Cannes.

"Participar de um festival internacional para mim era um milagre", disse Almodóvar, que completa 70 anos no próximo dia 25 com um currículo repleto de passagens em festivais internacionais após sua estreia em Veneza, 1983, com o filme Maus Hábitos. Sobre sua arte, destacou "o orgulho" que sente pelas atrizes ("Elas representavam uma Espanha ultramoderna"), a ascensão artística da Movida contra o Franquismo ("A Espanha despertava de uma longa ditadura de 40 anos") e falou sobre uma característica marcante de seu cinema: a diversidade sexual.

"Quando comecei a fazer filmes, não se falava em diversidade. A vida era muito diferente. Como diretor, coloquei em todos os meus filmes toda a variedade que havia na vida", disse Almodóvar, declarando que seus personagens "têm autonomia moral, sejam transexuais, freiras ou donas de casa". "A mudança que acontecia nesses anos na Espanha era o que me fascinava. A rua e a noite de Madri eram infinitas. Era uma grande diversidade e eu me formei naquela universidade", explicou.

Pedro Almodóvar termina falando sobre a cor vermelha em seus filmes. "Era como uma reação contra o lugar onde nasci, La Mancha, então extremamente conservadora, calvinista, com pouca cor e muito árida. O oposto de como eu me sentia", disse ele, finalizando que pouco viu a cor rubra em sua infância, mas via outra: "Só via o preto do luto", disse ele, entre a ironia e a mais pura verdade.

Comentários (0)

Faça login para comentar.