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The Walking Dead - S06E07 - Heads Up


Contém spoilers.

Aproximando da mid-season finale, a série começa a responder algumas das perguntas que deixou em aberto no início: logo de início mostra-se como Glenn sobreviveu ao cerco dos zumbis e ao desastrado sacrifício de Nicholas e a longa viagem que terá de fazer de volta ao lado da jovem Enid, que fugiu de Alexandria após o ataque dos Lobos. 

A tônica de Heads Up é agravar as complicações da comunidade cercada pela manada de mortos-vivos introduzidas em Now. Morgan tem de responder a Rick, Michonne e Carol o porque da sua escolha de não matar os invasores, evidenciando como o personagem depende da filosofia "toda vida é sagrada" do aikidô para poder continuar seguindo. Esse tipo de discussão ética segue Rick Grimes mesmo que o líder tente resolver as questões da maneira mais simples e pragmática o possível, esperando a perda de interesse dos predadores do lado de fora de forma silenciosa,  não fazendo prisioneiros e silenciando divergências. 

Mas é claro que o motor de conflito da série irá desafiar as pretensões do ex-policial, colocando obstáculos como a imprudência de Spencer ao arriscar a vida sem pedir consentimento, a personalidade rebelde e voluntariosa de Tara, já integrada à comunidade e recusando a filosofia "Nós e Eles" na qual o líder ainda persiste. Alguns levam isso além: enquanto Rick e Tara entram em conflito se devem se arriscar ou não pelos outros, Morgan age em segredo para preservar a vida de um inimigo ferido - o que o põe em rota de colisão inevitável com Carol, que ao contrário do que acredita Morgan, acredita que a violência é a única ferramenta que possui para não se tornar um monstro, vivo ou morto.

O episódio consegue trabalhar as questões do microcosmo da comunidade melhor que Now. Com pouca violência gráfica, sua chave está toda ligada em suspense e preparação, plantando várias sementes para o último episódio antes do recesso colher, com a tensão psicológica reagindo, entrando em erupção, tornando-se conflitos de ideias e de forças. Já andamos há um bom tempo com os personagens, sabemos de suas histórias pregressas, sabemos como irão reagir; nisso, o sentimento de antecipação para quem acompanha suas jornadas há longa data vem de forma natural quando sabemos que tipo de situação esperar, quais novos conflitos irão voltar à tona, como irão se reorganizar.

O cliffhanger ao final visa introduzir a última prova de fogo depois daquela introduzida no primeiro episódio da temporada, quando após assentar a poeira entre os vivos, os mortos voltarem a ser o problema. Depois de gerenciar crises e manejar personalidades, será testada, mais uma vez, o instinto de sobrevivência de seus personagens. 

Ainda que limitado por não poder concluir nada, parecendo junto com o episódio cinco fazer uma espécie de tempo extra que atrasa a narrativa principal, os conflitos de Heads Up tornam o episódio ligeiramente mais satisfatório de assistir do que a letargia mal-resolvida de Now, incluindo aí em seus últimos minutos uma curiosa relação entre esperança e perigo, mesclando o sinal dos céus que Glenn envia para sinalizar que está vivo, o perigo iminente com a queda das defesas e o som diegético substituído por música cadenciada e ambígua em sua leveza e texturas nos fornecem um clássico momento de Walking Dead já assistido tantas vezes: o horror realista entrando em choque com um desejo tão simples quanto complexo de sobreviver.

6.5

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