Avatar. O filme mais assistido de todos os tempos. Mas será que merece tanto? Será que o filme é realmente bom o bastante para ostentar esse posto? NÃO. Embora a grande maioria dos blockbusters de hoje possam ser considerados fracos (com excessão de alguns casos), Avatar não possui roteiro, atuações nem direção bons o bastante para tal. Nem mesmo a parte técnica, a qual foi extremamente comentada, se salva.
A história é, até certo ponto, interessante. Uma pena que se perca depois de pouco tempo. Jake Sully é um paraplégico cujo irmão era um cientista famoso. Após a morte deste, Jake é convocado para explorar o planeta Pandora, habitado por criaturas azuis de aspecto felino chamadas Na'vi. Para isso, ele entra em um aparelho que leva sua mente até um Na'vi que será seu corpo. Sua missão é explorar o território. Porém, Sully começa a se sentir parte da comunidade, enquanto os humanos tentam destruir o planeta por pura ambição.
Como já foi dito, a história parte de uma premissa um pouco diferenciada. Porém, se perde rapidamente em clichês e americanismos. O roteiro começa mal, apresentando uma sequência cansativa de introdução ao filme. Quando Jake finalmente entra no corpo de seu Avatar, a história se torna um pouco mais interessante, mostrando o processo de 'iniciação' de Sully na tribo dos Na'vi, como aprendendo a pescar, 'cavalgar', entre outras atividades. Embora seja interessante, essa parte do filme se torna um pouco cansativa, justamente pela falta de um conflito. Quando este vem, porém, começa uma fase do filme ainda mais chata e irritante que o resto. A batalha que se trava entre o bem e o mal (ou seja, os Na'vi contra os humanos) é repleta de lugares-comuns e patriotismos que podem incomodar até mesmo quem está acostumado com blockbusters americanizados.
James Cameron, visionário diretor de Avatar foi tão comentado quanto o filme em si, visto que hoje é o diretor que assinou as duas maiores bilheterias da história, Avatar e Titanic. Cameron, além de ser um mau perdedor (vide aos seus recentes comentários de que Avatar, assim como Guerra ao Terror, vencedor do Oscar, fala implicitamente sobre a Guerra do Iraque e sobre o poder das mulheres), também mostra que é apenas um diretor razoável. Mesmo tendo criado um mundo totalmente novo (o que não é realmente incomum hoje em dia), seu modo de filmar torna muitas vezes as cenas confusas, além de também reforçar os já citados clichês e americanismos do enredo.
As atuações são outro ponto fraco do filme. Sam Worthington (Jake Sully), que protagonizou dois blockbusters de 2009 (Avatar e o novo Exterminador do Futuro) e um de 2010 (Fúria de Titãs) é um ator com pouquíssimas qualidades. Praticamente sem expressão alguma, desenvolve um carisma nulo enquanto humano, não dando razão nenhuma para torcer por ele. Zoe Saldana, que vive Neytiri, Na'vi por quem Jake se apaixona, tem uma atuação razoável, com expressões boas para seu personagem nativo. Sigourney Weaver também tem uma boa atuação. Sua personagem, Grace Augustine, a cientista-chefe, pode ser considerada a única personagem humana carismática. Por outro lado, o grande vilão Miles Quaritch, vivido por Stephen Lang é um péssimo vilão, sem nada de novo a acrescentar a personagens desse tipo, tudo isso graças ao roteiro e à ruim atuação de Lang. O resto do elenco nem vale a pena comentar, pois todos seguem o exemplo de Worthington e Lang.
Agora, a parte mais comentada e mais superestimada de Avatar: a parte técnica. Com muitas indicações ao Oscar e inúmeras críticas positivas, não está nem perto de tudo isso. Os efeitos especiais e a direção de arte são ótimos, embora não sejam realmente inovadores como se diz. Cenários parecidos podem ser vistos em filmes de ficção científica, e a técnica de captura de movimentos dos atores, usada para criar os Na'vi, é bem parecida, em sua premissa, com a técnica usada em Piratas do Caribe, por exemplo. Além disso, os efeitos podem ser muito bons, mas não estão realmente perto de serem realistas. Dois pontos indicados ao Oscar injustamente são fotografia e trilha sonora. A primeira, vencedora embora sem razão para tal, pode ser boa, mas fica impossível dizer se é de fato, por causa dos inúmeros efeitos aplicados ao filme. A segunda é extremamente monótona, sendo composta, em sua quase totalidade, de índios cantando de forma inaudível: é muito fraca.
Portanto, Avatar é um filme que deve ser assistido sim, pelo menos uma vez, por causa de seus 'revolucionários' efeitos e de todo o blábláblá em torno dele. Mas isso por si só não justifica sua enorme bilheteria, muito menos suas várias indicações aos prêmios da Academia.
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