Com o estrondoso sucesso da série Harry Potter, é cada vez mais comum aparecerem novas tentativas de lançar uma adaptação que consiga ser tão bem-sucedida quanto a saga do bruxo tem sido. Alguns exemplos são As Crônicas de Narnia (que obteve sucesso razoável para que o terceiro filme seja lançado nesse ano), A Bússola de Ouro (que fracassou nas bilheterias) e Crepúsculo (o qual não tem uma história muito semelhante, mas busca basicamente o mesmo público de Harry Potter). E o mais novo exemplo é Percy Jackson e os Olimpianos, cujo primeiro capítulo, Ladrão de Raios, foi lançado esse ano.
A saga escrita por Rick Riordan é muito boa, com uma grande dose de ação e comédia, embora literalmente falando deixe um pouco a desejar. Na trama de Ladrão de Raios, Percy é um garoto aparentemente comum que descobre subitamente que é um semideus, ou seja, filho de um mortal com um deus grego (no caso de Percy, Poseidon). Ao descobrir que corre perigo, vai até o Acampamento Meio-Sangue, campo de treinamento dos semideuses, com seu amigo Grover (no meio do caminho, Percy descobre que ele é um sátiro). Porém, as notícias não são boas. O raio-mestre de Zeus foi roubado e os deuses desconfiam que Percy foi o responsável pelo roubo. Além disso, Sally, sua mãe, é sequestrada e levada para o Mundo Inferior, de Hades. Percy então parte na busca do raio e de sua mãe com Grover e Annabeth, filha de Atena.
O roteiro, infelizmente, é muito mal adaptado. Craig Titley simplesmente cortou partes importantíssimas do livro, como o Pinheiro de Thalia, Cronos, o Oráculo, Clarisse e seu pai Ares, entre outros, além de não ter feito um trabalho muito bom com a história em si. Embora isso não tenha prejudicado totalmente o capítulo da saga em si, virá a ser um grande empecilho caso o segundo filme, Mar de Monstros, seja lançado. Por outro lado, a direção de Chris Columbus, que havia dado um tom muito monótono aos dois primeiros filmes da série Harry Potter, é muito boa. Columbus dá uma movimentação ótima nas cenas de ação e as cenas mais engraçadas são inspiradíssimas, com um divertido tom descontraído.
As atuações são razoavelmente boas, mas também não se destacam no filme. Logan Lerman, no papel de Percy, dá um tom descontraído ao filho de Poseidon, e prova que tem talento. Alexandra Daddario é mais que um rosto bonito e prova que tem futuro ao interpretar Annabeth de uma forma bem fiel ao livro, mesmo que seu cabelo seja diferente do original (no livro, ela é loira). Brandon T. Jackson é o mais fraco do trio. Tirando as cenas de comédia, Brandon não consegue prender muita atenção com o personagem Grover. Completando o elenco jovem, está Jake Abel, que leva muito bem o papel de Luke, o vilão filho de Hermes.
O elenco adulto também não decepciona. Pierce Brosnan, no papel do professor Brunner e depois como o centauro Quíron, se entregou ao papel e tem uma atuação interessante. Uma Thurman dá um show em sua única cena como a Medusa, assim como Rosario Dawson, que aparece pouco como Perséfone, mas é umas das melhores atuações - se não a melhor - do longa.
Tecnicamente, o filme é bastante bom. A direção de arte é impecável, como fica claro no Olimpo e principalmente no Mundo Inferior, que é aterrorizante. A fotografia, embora não se destaque, é boa, assim como a trilha sonora. Também deve se destacar os efeitos especiais, que mesmo não sendo do nível de outras superproduções, dá um bom realismo as cenas, as criaturas parecem reais o suficiente para o espectador crer que a mitologia pode existir.
É uma grande pena que o bom livro de Riordan tenha sido adaptado de forma tão mediana para as telonas, já que a trama é muito boa. Resta saber se com a fraca bilheteria do filme, os estúdios resolverão fazer o segundo. Seria bom, porque a saga tem potencial para dar filmes quase tão bons quanto os de Harry Potter, se houver um bom roteirista encarregado de adaptá-la.
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