Um filme bem articulado, como esse, simplesmente flui, através dos nossos olhos; e ficamos contentes, pela genialidade da obra e pela emoção que o filme desperta.
Sem perder o foco do filme, que é o problema de estrear um espetáculo de um grande diretor de teatro, Lloyd vai além: conflitos secundários, irrelevantes para a conclusão, mas que dão maior densidade à película. O caso de traição da protagonista (do show), o desespero financeiro e físico do diretor (pois que seu médico o disse que mais um ataque de nervos, seria fatal), são alguns exemplos da estruturação secundária.
A protagonista do filme - e não do espetáculo - em sua estréia como atriz, mostra-se inexperiente: mal sabe sapatear, dorme nos ensaios; e por fim, quando ela atua, mostra-se perfeita, sendo uma revelação, um achado do diretor (como disse um espectador).
Esperamos o desenrolar da trama - vai ou não acontecer o espetáculo? -, e, quando este chega, faz-se de forma tão engenhosa e artística, que ficamos em êxtase: somos um espectador especial, pois que a câmera está para nós, mostrando ângulos que os que assistem o espetáculo não vêem; o sucesso imediato de Peggy também é um alívio, chega a ser confortante.
Os personagens mais importantes, revelam, cada um, uma personalidade peculiar - e isto não é para qualquer diretor, mais um ponto para Lloyd; somos influenciados pela astúcia da protagonista do show, em trair seu marido, que é o financiador da obra; a inocência de Peggy, sua animação ao receber o papel principal - são todas muito bem encenadas; a frustração, e por fim aceitação, da rapariga que perdeu o papel principal, também bem encenadas.
Atores bem encaixados, câmera ágil, inteligente, fluência natural, densidade, humor e irreverência, tudo isto compõe esta obra fascinante.
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