Resenha para a mostra "O Sangue de Tarantino" do Cineclube CAASO:
Pulp: Revista ou livro contendo assunto lúgubre, que é caracteristicamente impresso em papel de segunda classe.
A narrativa não linear apresenta histórias paralelas de protagonismo descentralizado. Vincent Vega (John Travolta, em seu reerguimento no mundo cinematográfico) e Jules Winnfield (Samuel L. Jackson, merecidamente uma constância no cinema tarantinesco) são dois mafiosos designados, pelo chefe Marsellus Wallace (Ving Rhames), de fazer uma cobrança. O mesmo Vincent Vega, embora sabendo dos boatos acerca do obsessivo ciúme de seu superior quando se trata da esposa, Mia Wallace (Uma Thurman, que se imortalizaria como “a noiva” em “Kill Bill – Volumes 1 e 2” (2003, 2004)), deve acompanhá-la em um divertimento noturno enquanto seu chefe viaja; nesta passagem ocorre a famigerada dança entre John Travolta e Uma Thurman (inspirada em “8½” (idem, 1963) de Federico Fellini). Butch Coolidge (Bruce Willis, em sua persona habitual), um pugilista no crepúsculo da carreira, envolve-se em uma luta com vencedor previamente acordado, mas não cumpre o trato e agora deve fugir do mafioso que havia lhe dado dinheiro pelo negócio, Marsellus Wallace.
Com total controle da mise-en-scène, bem como da tensão presente em diversos momentos, o preciso trabalho de câmera de Quentin Tarantino – com auxílio da montagem inventiva de Sally Menke (junto do diretor, também responsável pela cronologia desmontada) – aborda a violência naturalmente inserida no cotidiano de personagens atípicos, e, assim, ecoa a amoralidade do espaço, onde o próprio humor negro é orgânico, culminando em um limite situacional quase escatológico. Haveria esperança para os sujeitos desse meio?
Filme símbolo de uma geração, um verdadeiro ícone pop.
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