Último filme da franquia com Harrison Ford, Indy 5 é melancólico e nostálgico
No momento em que escrevo esta resenha, já há a certeza de que a bilheteria de Indiana Jones e a Relíquia do Destino será bem menor do que o que se esperava para o filme, e também para o que a franquia Indiana Jones merece. Podemos refletir sobre algumas razões pelas quais isso deve ter ocorrido, e creio que não há uma razão única, e sim um somatório de razões para explicar este "flop".
Foram 15 anos de espera desde o polêmico "Indiana Jones and the kingdom of the crystal skull" para que pudéssemos ver Indy de novo nas telonas. O quarto filme da franquia desagradou enormemente os fãs, mas foi bem na bilheteria, diferentemente de "Dial of Destiny". Como pode um filme de 2008 (ocasião em que a inflação era bem menor do que em 2023) que é considerado mais fraco ter dado mais bilheteria do que um que foi melhor na percepção dos fãs?
Eu creio que o primeiro fator foi o esgotamento do hype em relação à volta de Indiana Jones, que foi completamente capturado pelo filme de 2008. A alta bilheteria de Indy 4 acabou mascarando alguns problemas desta nova fase de Indiana Jones, como por exemplo a idade de Harrison Ford para as aventuras. Uma nova volta do herói só teria força se o filme fosse arrebatador como o primeiro e o terceiro da franquia, uma missão quase impossível de ser alcançada, mesmo se Steven Spielberg e George Lucas tivessem continuado na direção.
Outros fatores podem ser apontados, como o desgaste das decisões da Disney em relação a personagens históricos em franquias queridas, como Star Wars (particularmente não me desagradou a decisão em relação a Luke Skywalker no ep. VIII, mas é fato que a maioria esmagadora dos fãs não gostou): de lá para cá, a Lucasfilm foi comprada pela Disney, e inúmeras especulações foram criadas em torno de uma possível continuidade da franquia, mas ela demorou bastante para ocorrer. Inicialmente a dupla Spielberg/Lucas foi especulada na direção, para depois ficar apenas Spielberg, e para por fim ficar nas mãoes de James Mangold. Até que no dia 1º de Dezembro de 2022, finalmente o nome do filme foi revelado, assim como o primeiro trailer. Em português, o nome ainda foi alterado de "Indiana Jones e o Chamado do Destino" para "Indiana Jones e a Relíquia do Destino". A mudança de nome pode ter causado confusão em relação aos fãs da franquia.
Outro fator que pode ter contribuído para o mau desempenho do filme nas bilheterias são os resquícios da crise por causa da pandemia e o resultante crescimento do streaming, muito por causa dos comportamentos aos quais as pessoas tiveram que se adaptar por causa da pandemia.
Minha opinião sobre Indiana Jones 5 é que o filme é um dos melhores possíveis que poderiam ser feitos considerando a idade de Harrison Ford. Há algum detalhe ou outro que poderia ter sido melhor, com certeza, mas houve uma inegável preocupação do diretor James Mangold em resgatar a essência da trilogia original, algo que não ocorreu no 4o filme. O MacGuffin do Indy neste filme não é tão bom quanto a Arca Perdida ou o Santo Graal, mas é o que mais se aproxima dos dois de todos os demais. A química entre Harrison Ford e Phoebe Waller Bridge, a meu ver, não foi tão boa quanto a de Indy e seu pai ou a de Indy e Sallah, mas não chega a me incomodar a ponto de desgostar do filme por causa disso. Merece elogio a excepcional primeira parte do filme, com Indy tendo sido rejuvenescido utilizando de-aging CGI, e a meu ver, estes 20 e poucos minutos já pagam o ingresso dos fãs.
Em virtude da baixa bilheteria, acabou não sendo a despedida que Harrison Ford merecia. Mas a mágica, a empolgação e a alegria de ver um Indiana Jones no cinema é sempre muito grande. Indiana Jones é Indiana Jones. Sem mais.
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