Os julgamentos visuais ao quais todos nós passamos, não há de negar, pelo menos algumas vezes na vida. O preconceito que a sociedade cria sobre cada indivíduo. São assuntos que inegavelmente fazem parte dessa cultura aparentemente humana. Em Energia Pura esse conceito aparece evidente o tempo todo, o diferente é repugnante. E no final, há de convir comigo que o terrorismo que o personagem principal, Powder, sofre durante essa jornada de descobrimento de um mundo cruel com sua inocência e aparência é sim muito verossímil com aquele terrorismo que crianças e pessoas ainda sofrem neste mundo real, que a princípio, deveria parecer tão mais maduro.
Logo, nos deparamos com a estória de um jovem que após sofrer um acidente que resultou na morte de sua mãe, viveu isolado do mundo, apenas com o carinho de seus avôs e das pilhas de livros que lhe faziam companhia. O jovem era fisicamente e mentalmente diferente das pessoas normais. Desprovido de pelos, extremamente branco e de uma capacidade intelectual arrojada. Essa sua intelectualidade é a essência de seu ser, inclusive são suas divagações sobre a vida, a conexão entre tudo e todos dentro de uma enorme teia evolutiva, que se torna um dos melhores momentos de toda a obra.
Desta forma, lançado ao mundo real, toda essa sua essência passa a ser vista pelos olhos de muitos como um bizarro e estranho cerne. Assim o jovem é repudiado por outros jovens, e poucos são aqueles que se fascinam por essas particularidades. Fora toda sua incrível capacidade intelectiva, o controle da massa através da energia se torna ainda mais arrebatador para essa mesma sociedade que o repudia. E como em uma crítica direta a nós mesmos, ao bater de frente com o desconhecido o homem se torna tão irracional quanto um animal que se sente encurralado, ele tenta expelir aquela sensação de medo, deseja fugir, perde o controle e age desesperadamente agredindo o incógnito. São poucos que se fascinam diante do novo. O que nesta situação, o filme consegue distinguir muito bem quem são aqueles que se deslumbram, que mudam do repúdio para a admiração e aqueles que mantêm suas mentes fechadas para o novo.
No final de tudo, o que cabem são diversas reflexões sobre a jornada da existência destas pessoas dentro da enorme cadeia evolutiva ao quais todos parecem interligados, quando o “jovem do futuro” atinge diretamente cada um dos personagens que se envolvem com ele. “Chegará um dia que nossa tecnologia irá superar nossa humanidade. Olho pra você e tenho esperanças que um dia nossa humanidade, será capaz de superar nossa tecnologia.”
Resta a reflexão rápida e digestiva. Simples, nada de mais. Sem complexidade.
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