Medo. Esse foi o grande ingrediente usado neste filme. Usado de maneira nunca antes usada. Mas não é o medo que se conhece por definição, e sim um medo duvidoso, medo da verdade ou da mentira. Verdade ou mentira? Uma pergunta que, neste filme, não é realmente respondida.
" A ilha do medo" pode ser classificado como uma grande incógnita dependendo da interpretação dos fatos, como também pode ser classificado como só mais um suspense com um grande final surpresa. Isso se dá devido ao fato de que, em nenhum momento da história é deixado claro o que está se passando naquele lugar, qual é, realmente, a finalidade de tudo aquilo. Mas é quando acreditamos no personagem principal que tudo fica ainda mais sombrio e sem saída. Não há como não acreditar no personagem de Leonardo DiCaprio, já que, desde o início, a nossa única visão é a visão dele. Seus medos, suas angústias, seus sentimentos, seus desejos e suas atitudes. Tudo isso é colocado como uma verdade absoluta até certo ponto.
Em um ambiente totalmente sem vida, com personagens estranhos e uma paisagem depressiva, o filme se desenvolve em cima de uma provável mentira. Uma mentira que, certamente, parece verdade sempre. E uma verdade que, propriamente, parece ser mentira. Complexo. É o que se pode dizer. A complexidade é levada até o fim de maneira a não deixar que pensemos que tudo está claro ou tudo é o que parece ser. Uma complexidade que é intensificada por uma trilha, que por si só, se torna uma personagem do filme. Levando-nos à emoções estranhas de medo e angústia. Junto com a trilha, uma fotografia impecável, típica de Scorsese. Este, que nessa produção, mostra que para fazer um grande filme, como lhe é rotineiro, não é preciso ter em mãos os típicos roteiros dramáticos que o "cinema" gosta. Só é preciso um roteiro inteligente e humilde, o que não se vê muito por aí.
Até que tudo desmorona. O que acreditávamos não é inteiramente correto. Uma nova verdade se estabelece. O personagem se torna um "deles". E isso é angustiante, pois não abre caminho para uma resposta esclarecedora dos fatos. Pelo contrário. Abre caminho para mais um caminhão de dúvidas. Foram os fatos que vimos realmente uma verdade? Ou fomos levados a acreditar na aparente verdade de um personagem totalmente descontrolado?
Tudo é muito intenso. Tudo é muito escuro. E, ao mesmo tempo, tudo é nada. Se visto com certos olhos o filme se torna só mais um suspense com final surpresa. Mas se visto com olhos pensantes e um pouco malucos, o filme se torna uma incógnita. Até que provem o contrário.
Não é satisfação que se sente ao término do filme. É um pouco de raiva e decepção. Mas logo se vê que não se pode confiar nos sentimentos. Então, começam as perguntas. "A Ilha do Medo" não é um grande filme, é uma grande interrogação. Isso é bom ou ruim? A nota talvez responda essa pergunta.
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