O romance entre pessoas de diferentes idades é algo que faz pensar. Será possível uma pessoa e outra anos mais velha serem felizes juntas? É esse o tema de Terapia do Amor (Prime, 2005), filme que conta a historia de Rafi (Uma Thurman). Aos 37 anos, ela acaba de se separar e começa a namorar David (Bryan Greenberg), de 23 anos. O que ela não sabe é que ele é filho de Lisa (Meryl Streep), sua terapeuta que, sendo uma judia fervorosa, não quer que o filho se envolva com uma mulher que não seja de sua religião, algo que complica ainda mais a vida do casal. O longa acompanha esse relacionamento durante um ano e mostra seus três protagonistas sem saber o que fazer. Escrito e dirigido por Ben Younger, a obra segue a fórmula básica e desgastada das comédias românticas, o que se torna problemático quando o filme se arrasta um pouco mais do que o necessário, mas apresenta uma dose de realismo acima da média e boas interpretações.
O casal principal, formado por Uma Thurman e Bryan Greenberg, apesar de não aparentar ter a diferença de idade citada no filme, possui química suficientemente boa para envolver o público na jornada de Rafi e David. Individualmente, porém, há uma clara diferença entre o desempenho dos dois. Greenberg não consegue desenvolver seu personagem com a mesma competência de Thurman e, apesar de ganhar pontos por tornar o amor de David por Rafi palpável, não vai muito além de alguns olhares apaixonados. Por outro lado, Thurman está muito bem no papel de mulher madura que se apaixona por um homem anos mais novo. Em nenhum momento achamos que sua personagem está se aproveitando da ingenuidade de David. Rafi o ama, e é por isso que quer protegê-lo de sofrer. Aliás, seu amor pelo rapaz não surge de uma hora para outra, o que é outro mérito. Eles se conhecem, conversam e, aos poucos, vão descobrindo que se amam. Ainda assim, a moça sabe que namorar com David pode não ser bom para ele, e é por isso que ela busca a ajuda da terapeuta.
No papel da psicóloga, Meryl Streep mostra mais uma vez ser uma interprete versátil e brilhante, se saindo muito bem tanto nas cenas mais dramáticas quanto nas cômicas. Nestas, diferentemente de em outros filmes do gênero, o humor não é formado por bobagens, mas pela performance impecável de Streep que, com suas expressões, vai mostrando o quão duro pode ser para uma mãe ver o seu filho envolvido com uma mulher que ela não crê que seja a certa para ele, ao mesmo tempo em que extrai humor da situação. É interessante observar, também, que os conselhos que Lisa dá ao filho são diferentes dos que dá a sua paciente antes de saber do envolvimento entre os dois. Para esta, a terapeuta recomenda curtir a vida e não se preocupar tanto se seus relacionamentos vão dar errado. Já com relação ao filho, a personagem de Streep pensa diferente. Inclusive, ela acreditava, antes de descobrir o relacionamento entre os protagonistas, que Rafi não estava errada em namorar um homem mais novo, mas reprova a decisão do filho de namorar uma mulher mais velha, mesmo quando ele mente, dizendo que a diferença de idade entre ele e sua namorada era de apenas quatro anos. Isso ocorre porque, quando uma pessoa está envolvida emocionalmente com algo, ela age de forma de diferente do que agiria se não estivesse. Terapia do Amor mostra, mesmo que de forma cômica, o preconceito (como nas cenas em que aparece a avó de David), e que os relacionamentos entre pessoas de idades (muito) diferentes podem ser complicados, mesmo que haja amor entre elas. Destaque também para o final, que consegue ser belo sem deixar o realismo de lado.
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