A Pequena Sereia, a animação de 1989, é um dos melhores filmes da Disney. Isso ocorre em função do estilo encantadoramente musical e dos personagens marcantes. Esta adaptação do conto de Hans Christian Andersen, além disso, trabalha de uma maneira muito inventiva questões de feminilidade, início da vida adulta e performance de gênero. Portanto, é uma obra-prima capaz de evocar toda a magia de uma animação tradicional.
O filme também apresenta uma das vilãs mais interessantes da Disney. Com visual inspirado na drag queen Divine, Úrsula é a única mulher forte e independente do reino. Além disso, ela ao mesmo tempo é assustadora e divertida. Também é Úrsula, ainda que por métodos interesseiros e inescrupulosos, quem irá mostrar a Ariel que o que ela é em essência se refere muito mais ao comportamento que desejar seguir e considerar coerente. Portanto, a personalidade Ariel não será moldada por um determinismo de características com as quais ela nasceu e não escolheu diretamente.
Aliás, trazer uma princesa em formação é outro dos pontos fortes deste filme. Isso porque Ariel é ousada e destemida, mas também sofre com todos os revezes que personalidades assim podem trazer quando não se tem maturidade na leitura social. Então, funcionar como âncora para a história com seu jeito de adolescente rebelde e bem intencionada garante à narrativa várias camadas de complexidade. Além disso, há um momento particularmente maravilhoso, quando ela canta a música “Parte do Seu Mundo”. Esta canção reflete os sentimentos de inadequação e incongruência de uma jovem fora dos padrões normativos, ainda que superficialmente aparente estar em uma posição de priviĺegios. Inclusive, todas as canções do filme, além de belíssimas, contribuem para o andamento da narrativa de maneira deliciosamente divertida e envolvente.
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