O terrir de Sam Raimi em Arraste-me Para o Inferno
“Arraste-me Para o Inferno” (2009) trouxe o cineasta Sam Raimi (“Doutor Estranho no Multiverso da Loucura”) de volta ao subgênero que o consagrou. Isso porque, antes de se estabelecer como um diretor rentável da Marvel e filmes de super-herói como a primeira trilogia do “Homem-Aranha”, ele se dedicava ao sub gênero terrir. Este é um estilo de horror trash, que quando bem realizado é capaz de provocar o medo, o susto e a gargalhada em um mesmo momento do filme. E “Arraste-me Para o Inferno” o faz, simultaneamente, com louvor. Além disso, tem um enredo instigante e uma rainha do grito de primeira grandeza.
Assim, o filme não perde tempo em apresentar a premissa para o público. E o faz com charme e inteligência. Além disso, há doses elevadas de humor perverso e escatologia. Porém, tudo isso está tão bem equilibrado com cenas mais calmas que o choque e o susto vêm potencializados pelo contraste. Então, quando percebemos os toques cartunescos da dinâmica, o medo e a gargalhada também tornam-se mais intensos. Outro ponto forte da obra é o desfecho ousado e impactante, que se beneficia pelo percurso construído por meio da interpretação impecável de Alison Lohman. Isso porque ela consegue corresponder às expectativas de uma protagonista doce e vulnerável de filme de terror, ao mesmo tempo em que evidencia a transformação da personagem em alguém forte e determinada. E o que é mais incrível, ela o faz sem esquecer-se de que a personagem é apenas um artifício do roteiro. Ou seja, mais importante do que o drama dela, é a capacidade de nos envolver com a natureza despretensiosa do entretenimento da trama.
Também é memorável a interpretação de Lorna Raver como a vilã caricata Sylvia Ganush. Assim, “Arraste-me Para o Inferno” aprimora com inovações tecnológicas o terrir dos anos 80 sem esquecer-se da essência tosca dele. Com isso, proporciona momentos inesquecíveis. Além de brincar metaforicamente com a relação entre banco e clientes. Afinal, o filme foi lançado em um momento de crise econômica nos Estados Unidos.
Comentários (0)
Faça login para comentar.
Responder Comentário