Taxi Driver é essencialmente uma obra realista de criação completa de Martin Scorsese. A obra do aclamado diretor estadunidense pode ser comparada com obras existencialistas de escritores como Albert Camus, Jean-Paul Sartre e Fiodor Dostoiévski. Só de ter seu nome equiparado à grandes escritores da literatura existencialista já demonstra o quão genial é esta obra artística, considerada pela minha pessoa como o melhor filme de toda a história do cinema.
O filme narra a deterioração mental de Travis Bickle causada por sua solidão e sua melancolia através dos seus passeios noturnos de táxi por New York. "A solidão me perseguiu em todos os lugares... em bares, em carros, calçadas, lojas... em tudo. Não há como fugir, sou o solitário do Senhor.". Uma pessoa que não conseguiu se ajustar aos destinos da vida e sofre, porque não, de um existencialismo semelhante aos personagens clássicos da literatura mencionada: Meursault, Raskólnikov e Roquentin.
Travis, assim como Meursault, é um anti-herói. Diante de tanta putrefação social (prostituição, crime generalizado, corrupção eleitoral, etc.), e paralelo à sua desilusão amorosa e fracassos pessoais, ele começa a se perguntar qual o sentido de tudo aquilo. Chega o momento da grande virada em sua vida, e ele muda radicalmente (ou simplesmente enlouquece). Travis faz o que todas pessoas têm vontade fazer mas não são corajosas o suficiente: ele soergue-se contra toda aquela sujeira social. Eis aqui um homem que não aguentava mais toda esta escória. Eis aqui um homem que se levantou. A épica cena final de Taxi Driver, apesar de impactante, forte e violenta, é sensacional.
Algumas pessoas defendem uma interpretação curiosa e diferente do filme: tudo o que aconteceu após Travis e Betsy encontrarem-se no comitê do candidato Palantine foi uma ilusão da doentia e solitária mente do personagem. Isto explica-se no final do filme, quando Travis sonha com Betsy chamando ele de um herói em seu táxi (afinal era o que ele mais queria quando observava Betsy do seu carro) e, logo após, olha o retrovisor e fita o nada. Ou seja, foi neste instante que ele acordou e se deu conta que tudo não passou de fruto de sua imaginação.
Atuação impecável de Robert DeNiro como Travis Bickle em uma de suas melhores atuações de toda a sua carreira. Aliás, quando falamos da interpretação de DeNiro, não há como não mencionar a marcante cena do “Are you talkin’ to me?” em frente ao espelho (já mencionada aqui no blog). Realizada integralmente no improviso, a cena evidencia todo o talento do ator, que consegue demonstrar, como nenhum outro na história do Cinema, a caracterização específica de seu personagem. Talvez, apenas o próprio DeNiro tenha conseguido algo semelhante ao interpretar Jake LaMotta em Raging Bull.
Aliás, Taxi Driver é o segundo trabalho da parceria entre DeNiro e Scorsese, após o primeiro filme juntos em Main Streets. Marca a consolidação desta dupla que iria fazer ainda muito sucesso em clássicos como Raging Bull, Godfellas e Casino. Destaque também para a aparição da até então desconhecida Jodie Foster alcançando uma precoce fama mundial (ainda adolescente com seus 14 anos) e já sendo indicada aos Oscar de melhor atriz coadjuvante. Além desta indicação, a película também foi indicada nas categorias de melhor filme, melhor ator (Robert de Niro) e melhor trilha sonora, embora tenha perdido (injustamente) o prêmio principal para o fraco Rocky Balboa (Alguém explica isto!?).
Por todos estes motivos (e muitos outros que são incontáveis), Taxi Driver é um filme que não pode, de modo algum, deixar de ser visto pelo menos uma vez na vida de qualquer pessoa. Atuações magníficas, roteiro fantástico e uma trilha sonora instigante (além da genialidade de Scorsese), fazem deste filme a obra-prima de Martin Scorsese. Sublime!
Esta e outras resenhas podem ser encontradas no: http://this-is-cult-fiction.blogspot.com/
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