Lupas (799)

Divertido e surpreendente acompanhar essa mistura de gêneros e referências, com direito a muito violência e ritmo tenso. Pode não ser um grande filme, mas dentro de seu propósito funciona muito bem.

Simplifica muito, exageradamente, sua trama, reduzindo o impacto da história de Marcelo, mesmo que consiga construir com razoável sucesso todo o pano de fundo para o desenvolvimento de sua personalidade. Wagner Moura está muito bem (surpresa zero).

Referências (muitas) dão a oxigenação necessária a uma trama que não é especialmente marcante, mas funciona bem dentro das inúmeras sacadas de seu roteiro e de uma proposta de animação que não é feita exclusivamente para o público infantil.

Falta naturalidade, sutileza e inteligência narrativa ao roteiro de Aronofsky, que diversas vezes cai na pretensão e em facilidades irritantes, e mesmo cenicamente não há o equilíbrio necessário para tratar de sua temática. Um equívoco.

Interessante essa abordagem fria - quase amargurada - sobre a infância, em buscar de evidenciar a linearidade entre aquilo que éramos e o que somos. Mais poderosa que suas discussões, só a força de sua composição visual enquanto amplificadora disso tudo.

Um filme menor de Miyazaki, especialmente em seu lado narrativo (já que a técnica e o arrojo visual nunca decepcionam). A transposição fábula/realidade aqui é menos inspirada e poderosa do que em outros trabalhos do diretor.

Eastwood tonifica seu terceiro longa com grande carga valorativa, ainda que não necessariamente mantenha uma linha "correta" dentro de sua proposta de justiça e vingança. Mas essa nova roupagem ao "western" funciona muito bem aqui.

Haynes permanece um mestre das imagens - e sua parceira com Edward Lachman continua rendendo muito. Pode não ser um novo "Carol", mas continua uma obra acima da média não só no aspecto técnico, mas também (e especialmente) no humano.

O filme é todo baseado em seus diálogos e personagens. O embate entre Bergman e Ullmann é impressionante, seja pela performance de ambas ou pela profundidade emocional esculpida magistralmente no texto e nas imagens.

Simplesmente não tem a força e a imponência para se destacar dentro de sua proposta de cinema social ou mesmo no nicho de sua crítica sobre imigração. Ainda assim, alguns lampejos de composição e narrativos conseguem elevá-lo da mediocridade.

O método narrativo não é inovador, especialmente dentro de sua temática, e já foi melhor utilizado em outras oportunidades, o que tira um pouco de sua força denunciante contra machismo, militarismo e intolerância. No visual, é muito belo.

O rigor técnico de PTA se mantém, agora em uma trama mais introspectiva - algo incomum em sua filmografia. É espantosa a habilidade com que ele consegue construir personagens e situações psicologicamente profundas, em meio a seu festival de referências.